sábado, 28 de junho de 2008

"Os Caras" e a teimosia


O NEGÓCIO É O SEGUINTE:
O BLOG É MEU!
ENTÃO POSTO O QUE EU QUIZER.

"Os Caras" e as relações familiares


Morreu de Confusão (carta de um suicida)

Foi encontrada no bolso de um suicída, em Maceió, a seguinte carta:

"Ilmo. Sr. Delegado de Polícia:

Não culpe ninguém pela minha morte. Deixei esta vida porque, um dia mais que eu vivesse, acabaria morrendo louco. Explico-lhe, Sr. Delegado: tive a desdita de casar-me com uma viúva, a qual tinha uma filha. Se eu soubesse disso, jamais teria me casado.

Meu pai, para maior desgraça, era viúvo, e quis a fatalidade que ele se enamorasse e casasse com a filha de minha mulher. Resultou daí que minha mulher tornou-se sogra de meu pai. Minha enteada ficou sendo minha mãe, e meu pai era, ao mesmo tempo, meu genro. Após algum tempo, minha filha trouxe ao mundo um menino, que veio a ser meu irmão, porém neto de minha mulher, de maneira que fiquei sendo avô de meu irmão. Com o decorrer do tempo, minha mulher também deu à luz um menino que, como irmão de minha mãe, era cunhado de meu pai e tio de seu filho, passando minha mulher a ser nora de sua própria filha.

Eu, Sr. Delegado, fiquei sendo pai de minha mãe, tornando-me irmão de meu pai e de meus filhos, e minha mulher ficou sendo minha avó, já que é mãe de minha mãe. Assim, acabei sendo avô de mim mesmo.

Portanto, Sr. Delegado, antes que a coisa se complicasse mais, resolvi desertar deste mundo.

Perdão, Sr. Delegado."

Da seção "O impossível acontece", da revista "O Cruzeiro".

quarta-feira, 25 de junho de 2008

"Os Caras" e a Chuva na Roseira


Chovendo na Roseira
Elis Regina
Composição: Tom Jobim

Olha está chovendo na roseira
Que só dá rosa mas não cheira
A frescura das gotas úmidas
Que é de Luisa
Que é de Paulinho
Que é de João
Que é de ninguém

Pétalas de rosa carregadas pelo vento
Um amor tão puro carregou meu pensamento

Olha um tico-tico mora ao lado
E passeando no molhado
Adivinhou a primavera

Olha que chuva boa prazenteira
Que vem molhar minha roseira
Chuva boa criadeira
Que molha a terra
Que enche o rio
Que limpa o céu
Que trás o azul

Olha o jasmineiro está florido
E o riachinho de água esperta
Se lança em vasto rio de águas calmas

Ah, você é de ninguém
Ah, você é de ninguém

"Os Caras" e Bertolt Brecht


Aos que vierem depois de nós

Bertolt Brecht
(Tradução de Manuel Bandeira)

Realmente, vivemos muito sombrios!
A inocência é loucura. Uma fronte sem rugas
denota insensibilidade. Aquele que ri
ainda não recebeu a terrível notícia
que está para chegar.

Que tempos são estes, em que
é quase um delito
falar de coisas inocentes.
Pois implica silenciar tantos horrores!
Esse que cruza tranqüilamente a rua
não poderá jamais ser encontrado
pelos amigos que precisam de ajuda?

É certo: ganho o meu pão ainda,
Mas acreditai-me: é pura casualidade.
Nada do que faço justifica
que eu possa comer até fartar-me.
Por enquanto as coisas me correm bem
[(se a sorte me abandonar estou perdido).
E dizem-me: "Bebe, come! Alegra-te, pois tens o quê!"

Mas como posso comer e beber,
se ao faminto arrebato o que como,
se o copo de água falta ao sedento?
E todavia continuo comendo e bebendo.

Também gostaria de ser um sábio.
Os livros antigos nos falam da sabedoria:
é quedar-se afastado das lutas do mundo
e, sem temores,
deixar correr o breve tempo. Mas
evitar a violência,
retribuir o mal com o bem,
não satisfazer os desejos, antes esquecê-los
é o que chamam sabedoria.
E eu não posso fazê-lo. Realmente,
vivemos tempos sombrios.


Para as cidades vim em tempos de desordem,
quando reinava a fome.
Misturei-me aos homens em tempos turbulentos
e indignei-me com eles.
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra.

Comi o meu pão em meio às batalhas.
Deitei-me para dormir entre os assassinos.
Do amor me ocupei descuidadamente
e não tive paciência com a Natureza.
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra.

No meu tempo as ruas conduziam aos atoleiros.
A palavra traiu-me ante o verdugo.
Era muito pouco o que eu podia. Mas os governantes
Se sentiam, sem mim, mais seguros, — espero.
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra.

As forças eram escassas. E a meta
achava-se muito distante.
Pude divisá-la claramente,
ainda quando parecia, para mim, inatingível.
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra.

Vós, que surgireis da maré
em que perecemos,
lembrai-vos também,
quando falardes das nossas fraquezas,
lembrai-vos dos tempos sombrios
de que pudestes escapar.

Íamos, com efeito,
mudando mais freqüentemente de país
do que de sapatos,
através das lutas de classes,
desesperados,
quando havia só injustiça e nenhuma indignação.

E, contudo, sabemos
que também o ódio contra a baixeza
endurece a voz. Ah, os que quisemos
preparar terreno para a bondade
não pudemos ser bons.
Vós, porém, quando chegar o momento
em que o homem seja bom para o homem,
lembrai-vos de nós
com indulgência.

"Os Caras" e Clarice Lispector II


Clarice Lispector


"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..."

"Os Caras" - Esperando Aviões

Esperando Aviões
Vander Lee
Composição: Vander Lee

Meus olhos te viram triste
Olhando pro infinito
Tentando ouvir o som do próprio grito
E o louco que ainda me resta
Só quis te levar pra festa
Você me amou de um jeito tão aflito

Que eu queria poder te dizer sem palavras
Eu queria poder te cantar sem canções
Eu queria viver morrendo em sua teia
Seu sangue correndo em minha veia
Seu cheiro morando em meus pulmões
Cada dia que passo sem sua presença
Sou um presidiário cumprindo sentença
Sou um velho diário perdido na areia
Esperando que você me leia
Sou pista vazia esperando aviões

Sou o lamento no canto da sereia
Esperando o naufrágio das embarcações



"Os Caras" e os Românticos

Românticos
Vander Lee
Composição: Nado Siqueira

Românticos são poucos
Românticos são loucos
Desvairados
Que querem ser o outro
Que pensam que o outro
É o paraíso...

Românticos são lindos
Românticos são limpos
E pirados
Que choram com baladas
Que amam sem vergonha
E sem juízo...

São tipos populares
Que vivem pelos bares
E mesmo certos
Vão pedir perdão
Que passam a noite em claro
Conhecem o gosto raro
De amar sem medo
De outra desilusão...

Romântico
É uma espécie em extinção!
Romântico
É uma espécie em extinção!

Românticos são poucos
Românticos são loucos
Desvairados
Que querem ser o outro
Que pensam que o outro
É o paraíso...

Românticos são lindos
Românticos são limpos
E pirados
Que choram com baladas
Que amam sem vergonha
E sem juízo...

São tipos populares
Que vivem pelos bares
E mesmo certos
Vão pedir perdão
Que passam a noite em claro
Conhecem o gosto raro
De amar sem medo
De outra desilusão...

Romântico
É uma espécie em extinção!
Romântico
É uma espécie em extinção!

Românticos são poucos
Românticos são loucos
Como eu!
Românticos são loucos
Românticos são poucos
Como eu! Como eu!


terça-feira, 24 de junho de 2008

"Os Caras" e Saramago


Poema à boca fechada

Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.

Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.

Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.


(In OS POEMAS POSSÍVEIS, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1981. 3ª
edição)

"Os Caras" e o Sul do Equador


Letra e música: Chico Buarque; Ruy Guerra
In: "Feitiço Elektra", 1978
Carlos Ilharco

Não existe pecado do lado de
baixo do Equador
vamos fazer um pecado, rasgado
suado a todo o vapor
me deixa ser seu escracho
capacho, teu cacho
um riacho de amor
quando é lição de esculacho
olha aí, sai de baixo
que eu sou professor
Deixa a tristeza para lá.
Vem comer, me jantar
sarapatel, caruru, tucupi, tacacá
vê se me usa, me abusa, lambuza
que a tua cafuza
não pode esperar
deixa a tristeza para lá
vem comer, me jantar
sarapatel, caruru, tucupi, tacacá
vê se se esgota, me bota na mesa
qua a tua holandesa
não pode esperar
não existe pecado do lado de
baixo do Equador
vamos fazer um pecado, rasgado
suado a todo o vapor
me deixa ser seu escracho
capacho, teu cacho
um riacho de amor
quando é missão de esculacho
olha aí, sai de baixo
eu sou embaixador

segunda-feira, 23 de junho de 2008

"Os Caras" e Olha

É difícil falar desssa música. Primeiro porque nunca gostei de nada que viesse de Roberto Carlos. Mas a primeira vez que ouvi me comprou. Segundo que os olhos verdes sempre me fizeram mal.
É isso!

"Os Caras" e Cora Coralina


O cântico da terra

Cora Coralina

Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.

Eu sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranqüila ao teu esforço.

Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.

Eu sou a grande Mãe Universal.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.

A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste
e o pão de tua casa.

E um dia bem distante
a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranqüilo dormirás.

Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho,
do gado e da tulha.
Fartura teremos
e donos de sítio
felizes seremos

"Os Caras" e Angela Bretas


Soneto - Mulher Abstrata

Ângela Bretas


Sou quem sou, simplesmente mulher, não fujo, nem nego,
Corro risco, atropelo perigo, avanço sinal, ignoro avisos.
Procuro viver, sem medo, sem dor, com calor, aconchego,
Supro carências, rego desejos, desabrocho em risos...

Matéria cobiçada... na tez macia, no calor ardente.
Alma pura, envolta em completa fissura. Sem frescuras!
Encontro prazer na forma completa, repleta, latente.
Meretriz sem pudor,mulher no ponto, uva madura!

Sou quadro abstrato, me entrego no ato à paixão que aflora.
Sou enigma permanente, sem ponto final, sem continências,
Sou mulher tão somente, vivendo o momento, sorvendo as horas.

Sou pétala recolhida, sem forma, sem cor, completa em essência.
Exalo a esperança, transpiro vontades. Não me tenhas senhora.
Sou mulher insolúvel, nada volúvel. Vivo a vida em reticências...

"Os Caras" e Torquato Neto


Cogito

Torquato Neto


eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível


eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
nesta hora


eu sou como eu sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim


eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranqüilamente
todas as horas do fim.

"Os Caras" e Ferreira Gular


Não-coisa

Ferreira Gullar

O que o poeta quer dizer
no discurso não cabe
e se o diz é pra saber
o que ainda não sabe.

Uma fruta uma flor
um odor que relume...
Como dizer o sabor,
seu clarão seu perfume?

Como enfim traduzir
na lógica do ouvido
o que na coisa é coisa
e que não tem sentido?

A linguagem dispõe
de conceitos, de nomes
mas o gosto da fruta
só o sabes se a comes

só o sabes no corpo
o sabor que assimilas
e que na boca é festa
de saliva e papilas

invadindo-te inteiro
tal do mar o marulho
e que a fala submerge
e reduz a um barulho,

um tumulto de vozes
de gozos, de espasmos,
vertiginoso e pleno
como são os orgasmos

No entanto, o poeta
desafia o impossível
e tenta no poema
dizer o indizível:

subverte a sintaxe
implode a fala, ousa
incutir na linguagem
densidade de coisa

sem permitir, porém,
que perca a transparência
já que a coisa ë fechada
à humana consciência.

O que o poeta faz
mais do que mencioná-la
é torná-la aparência
pura — e iluminá-la.

Toda coisa tem peso:
uma noite em seu centro.
O poema é uma coisa
que não tem nada dentro,

a não ser o ressoar
de uma imprecisa voz
que não quer se apagar
— essa voz somos nós./

"Os Caras" e Mario Quintana II



Eu queria trazer-te uns versos muito lindos

Mario Quintana

Eu queria trazer-te uns versos muito lindos
colhidos no mais íntimo de mim...
Suas palavras
seriam as mais simples do mundo,
porém não sei que luz as iluminaria
que terias de fechar teus olhos para as ouvir...
Sim! Uma luz que viria de dentro delas,
como essa que acende inesperadas cores
nas lanternas chinesas de papel!
Trago-te palavras, apenas... e que estão escritas
do lado de fora do papel... Não sei, eu nunca soube o que dizer-te
e este poema vai morrendo, ardente e puro, ao vento
da Poesia...
como
uma pobre lanterna que incendiou!>

"Os Caras" e Ariano Suassuna



Noturno
Ariano Suassuna

Têm para mim Chamados de outro mundo
as Noites perigosas e queimadas,
quando a Lua aparece mais vermelha
São turvos sonhos, Mágoas proibidas,
são Ouropéis antigos e fantasmas
que, nesse Mundo vivo e mais ardente
consumam tudo o que desejo Aqui.

Será que mais Alguém vê e escuta?

Sinto o roçar das asas Amarelas
e escuto essas Canções encantatórias
que tento, em vão, de mim desapossar.

Diluídos na velha Luz da lua,
a Quem dirigem seus terríveis cantos?

Pressinto um murmuroso esvoejar:
passaram-me por cima da cabeça
e, como um Halo escuso, te envolveram.
Eis-te no fogo, como um Fruto ardente,
a ventania me agitando em torno
esse cheiro que sai de teus cabelos.

Que vale a natureza sem teus Olhos,
ó Aquela por quem meu Sangue pulsa?

Da terra sai um cheiro bom de vida
e nossos pés a Ela estão ligados.
Deixa que teu cabelo, solto ao vento,
abrase fundamente as minhas mão...

Mas, não: a luz Escura inda te envolve,
o vento encrespa as Águas dos dois rios
e continua a ronda, o Som do fogo.

Ó meu amor, por que te ligo à Morte?
>

sexta-feira, 20 de junho de 2008

"Os Caras" e Billie Holiday - Good Morning Heartache

Boa Angústia de Manhã
Billie Holiday

Boa angústia de manhã
Você velha visita sombria
Boa angústia de manhã
Pensei termos dito adeus na noite passada
Virei e agitei-me até que parecida ter ido.
Mas aqui você está com a alvorada
Desejo esquece-lá, mas você deve ficar aqui
Pareço que a encontrei
Quando o meu amor se foi
Agora diário pare, estou dizendo-lhe
A boa angústia de manhã é nova

Deixe de frequentar-me agora
Não posso sacudi-la de modo algum
Somente deixe-me em paz
Tenho aquela canção melancólica de Segunda-feira
Diretamente a canção melancólica de domingo
Boa angústia de manhã
Aqui vamos novamente
Boa angústia de manhã
Você é aquela
Quem me conhece bem
Poderia dar um jeito para você vadiar
Mas boa angústia de manhã
Sente-se

"Os Caras" e a bela Edith Piaf

La Vie En Rose
Edith Piaf

Des yeux qui font baiser les miens,
Un rire qui se perd sur sa bouche,
Voilà le portrait sans retouche
De l'homme auquel j'appartiens

Quand il me prend dans ses bras
Il me parle tout bas,
Je vois la vie en rose.
Il me dit des mots d'amour,
Des mots de tous les jours,
Et ça m'fait quelque chose.
Il est entré dans mon coeur
Une part de bonheur
Dont je connais la cause.
C'est lui pour moi,
Moi pour lui dans la vie,
Il me l'a dit, l'a juré
Pour la vie.
Et dès que je l'apercois
Alors je sens en moi
Mon coeur qui bat

Des nuits d'amour à plus finir
Un grand bonheur qui prend sa place
Des ennuis des chagrins s'effacent
Heureux, heureux à en mourir.



Traduction : Français » Portugais
La Vie En Rose
Edith Piaf

Olhos que quando beijo são meus,
Um rir que é perdido em sua boca,
Este é o retrato sem retoques
O homem a quem eu pertenço

Quando ele leva-me em seus braços
Ele fala para mim, sussurrando,
Eu vejo la vie en rose.
Ele me diz palavras de amor,
Palavras cotidianas
E eu sinto alguma coisa.
Ele entrou em meu coração
A felicidade
Eu sei qual a sua causa.
Ele a é para mim,
E a minha é para ele na vida
Ele disse-me, temos viagens
Para toda a vida.
E como eu acreditei
Então, eu sinto-me com
Meu coração batendo.

Algumas noites de amor para finalizar tudo
Uma grande felicidade que toma seu lugar
Os problemas de dores não são nada
Feliz, feliz por morrer.

"Os Caras" e minha doce Amália

Estranha Forma de Vida
Amália Rodrigues
Composição: Alfredo Duarte/Amália Rodrigues

Foi por vontade de Deus
Que eu vivo nesta ansiedade.
Que todos os ais são meus,
Que é toda minha a saudade.
Foi por vontade de Deus.

Que estranha forma de vida
Tem este meu coração:
Vive de forma perdida;
Quem lhe daria o condão?
Que estranha forma de vida.

Coração independente,
Coração que não comando:
Vive perdido entre a gente,
Teimosamente sangrando,
Coração independente.

Eu não te acompanho mais:
Pára, deixa de bater.
Se não sabes onde vais,
Porque teimas em correr,
Eu não te acompanho mais.


"Os Caras" e Corsário

Corsário
Elis Regina
Composição: João Bosco / Aldir Blanc

Meu coração tropical está coberto de neve,
mas ferve em seu cofre gelado,
a voz vibra e a mão escreve mar
bendita lâmina grave que fere a parede e traz
as febres loucas e breves que mancham o silêncio e o cais.

Roseirais, nova Granada de Espanha,
por você eu, teu corsário preso,
vou partir a geleira azul da solidão e buscar a mão do mar
me arrastar até o mar, procurar o mar.

Mesmo que eu mande em garrafas mensagens por todo o mar
meu coração tropical partirá esse gelo e irá
como as garrafas de náufrago e as rosas partindo o ar
nova Granada de Espanha e as rosas partindo o ar.

Vou partir a geleira azul da solidão e buscar a mão do mar
me arrastar até o mar, procurar o mar.

Mesmo que eu mande em garrafas mensagens por todo o mar
meu coração tropical partirá esse gelo e irá
como as garrafas de náufrago e as rosas partindo o ar
nova Granada de Espanha e as rosas partindo o ar.

Mesmo que eu mande em garrafas mensagens por todo o mar
meu coração tropical partirá esse gelo e irá.


quarta-feira, 18 de junho de 2008

"Os Caras" e Fernando Pessoa III


Tabacaria

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
à parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei-de pensar?

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Génio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho genios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora génios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistámos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordámos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, para o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.

(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei que moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente

Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,

Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?),
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheco-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

Álvaro de Campos

"Os Caras" e Luiz Vaz de Camões


Amor é fogo que arde sem se ver

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís de Camões

"Os Caras" e minha gueixa


Pecado mortal

Poemas eróticos são maliciosos
sensuais e deliciosamente perigosos....
tal como assistir a filmes pornográficos
para acordar monstro hibernando...

Fico a pensar o que busco em ti
enquanto rabisco desejos,
anunciando anseios
ao invés de lascar-te um beijo
e entregar – aos teus carinhos –
meus seios.

Sem rimas fáceis, sem situações previsíveis.
Numa intensa crise corre,
irresistível, meu frisson por ti
incontrolável fúria à tua procura
horas a fio, preenchendo meus
pensamentos...

Meu amor um momento!
Isso é loucura?
Paixão?
Paranóia?
Que situação!
Que confusão de sentimentos...

Quando tiveres a resposta
tu encontraras a mim, completamente
pronta,
tonta de desejo por teu beijo,
por tua pele escura, tintura de meu ventre
que sente
que apenas a ti pertence...

Minha pele está entranhada pelo teu cheiro
caudalosamente banhada por tua língua
que sucumbe a cada investida,
revestida por teu suor
que impregna minha alma...

Não sou uma mulher,
sou parcelas que se juntam
e agregam-se num furacão
que entra em ebulição,
quando tocas cada uma delas:
vagina, orelhas, boca, ancas, pernas, pés e
mãos...

Neste instante,
essas partículas minúsculas,
tornam-se uníssonas.
Transformam-se num conjunto
em busca de delícias
da mais pura e gostosa malícia.

Tu és pastor de um rebanho desgarrado
e só tu tens o poder de torná-lo gregário.
Só tu tens a chave desse universo paralelo
Só tu podes desvendar esse mistério...

De corpo furacão, de mulher ebulição,
de um ser fragmentado em inúmeras personas:
Uma Eva expulsa do paraíso
A agregada mais bonita da Senzala
Uma cortesã em homenagem a cidadão ateniense
Um anjo lascivo, um demônio bandido
Uma princesa enclausurada em torreão
Uma Galla sem Dali

A cometer crimes, a purgar sacrilégios
a pregar teu credo
A sofrer em segredo, este mais cruel degredo
que é estar longe de ti...

Autoria: Gueixa

terça-feira, 17 de junho de 2008

"Os Caras" e o Trem da História


TRECHO DE "CANÇÃO DO NOVO MUNDO" (Beto Guedes)

"...Quem perdeu o trem da história por querer
Saiu do juízo sem saber
Foi mais um covarde a se esconder
Diante de um novo mundo..."

sexta-feira, 13 de junho de 2008

"Os Caras" e Beto Guedes - Quando Te Vi

Quando te Vi
Composição: Godofredo Guedes

Nem o sol
Nem o mar
Nem o brilho
Das estrelas
Tudo isso
Não tem valor
Sem ter você...

Sem você
Nem o som
Da mais linda
Melodia
Nem os versos
Dessa canção
Irão valer...

Nem o perfume
De todas as rosas
É igual
À doce presença
Do seu amor...

O amor estava aqui
Mas eu nunca saberia
Do que um dia se revelou
Quando te vi...

Nem o perfume
De todas as rosas
É igual
À doce presença
Do seu amor...

O amor estava aqui
Mas eu nunca saberia
Do que um dia se revelou
Quando te vi...


"Os Caras" e Belchior - À Palo Seco

À Palo Seco
Composição: Belchior

Se você vier me perguntar por onde andei
No tempo em que você sonhava.
De olhos abertos, lhe direi:
- Amigo, eu me desesperava.
Sei que, assim falando, pensas
Que esse desespero é moda em 76.
Mas ando mesmo descontente.
Desesperadamente eu grito em português:

- Tenho vinte e cinco anos de sonho e
De sangue e de América do Sul.
Por força deste destino,
Um tango argentino
Me vai bem melhor que um blues.
Sei, que assim falando, pensas
Que esse desespero é moda em 76.
E eu quero é que esse canto torto,
Feito faca, corte a carne de vocês.


"Os Caras" e minha amada.


Ela me aparece em momentos difíceis,
nos quais minhas forças já se esvairam
e nada mais resta
a não ser entregar estandartes
e retirar-me com os sobreviventes.

Ela me aparece em momentos críticos
em que continuar lutando é pura tolice
e nada mais resta
que assinar os armistícios
e voltar com o rabo entre as pernas.

Ela me aparece nas horas desesperadoras
nas tais em que todos os corpos estão exangues
e nada mais resta
somente deixar os despojos
e tornar aos limites de minha aldeia.

Dessa vez ela me aparece.
Linda e exuberante como sempre.
Trouxe a fé inabalável,
e me disse ao pé do ouvido
que eu tinha uma arma secreta:
O SEU AMOR.

Então vamos lutar!

"Os Caras" a Dorô e o Zé daqui 30 anos


Eu tenho muito há ver com essa união.
Tem até a história de um tênis da marca rainha.
Minha irmã e meu cunhado o "Alvarenga".
Essa é uma perspectiva da união no ano de 2038.
Parece que foi ontem.
Felicidades!

quinta-feira, 12 de junho de 2008

"Os Caras" e o Dia Internacional de Combate ao Trabalho Infantil


Trabalho infantil gera lucro pra quem explora, pobreza pra quem é explorado, faz parte da cultura econômica brasileira e está diretamente ligado ao trabalho escravo. A quem incomoda a luta contra o trabalho infantil? Incomoda aos que se incomodam com a luta contra o trabalho escravo. Incomoda aos que se incomodam com a luta contra o trabalho degradante. O combate ao trabalho infantil incomoda a quem lucra com o trabalho infantil, a quem lucra com o trabalho escravo e a quem lucra com o trabalho degradante.

A quem incomoda a dignidade humana; a quem incomoda a beleza, a resistência, a sensualidade, a honestidade, a capacidade de organização do pobre; a quem incomoda a imagem bonita dos menos favorecidos? A quem incomoda a denúncia das injustiças da pobreza? Incomoda aos ricos e incomoda a uma parcela da classe média.

"Os Caras" e o Prozac


Voltei! Voltei! Voltei!
O filho pródigo à casa torna!
Sem traumas, sem peso na consciência, sem medos.
A fluoxetina volta a correr em meus neurônios.
Sinapses mais rápidas.
Horizontes mais azuis.
Pássaros cantando.
Que se dane a fome, a flôr, o fim do mundo.
Dor de cotovelo somente se bater na quina da mesa.
Que os progressos da ciência sejam em prol de mim.
Primeiro eu, depois o samba.
Eu me amo,
Não posso mais viver sem mim.
Era ela ou o suicídio.
Então que seja ela.
Bem vinda "Droga da Felicidade"
A casa é toda tua.

E não me venham dizer que é artificial.
Tantas coisas o são:
Coca-cola, tinta prá cabelo, nylon,
cocaina, crack, absinto, vodka,
melhoral, a maioria das mulheres,
conversa pela web,
alguns amigos,
sorrisos,
corantes,
acidulantes,
edulcorantes,
conservantes,
até mesmo meu estado de antes.

Então fico com o Prozac que resolve
pois me mantêm vivo.

Viva o Prozac!!!!!!!!!!!!!!

"Os Caras" e Mercedes Sosa - Alfonsina y el mar

Uma entrada no tunel do tempo. 1980. Rua Santa Inácia, número 7.

"Os Caras" e Suzeti Aparecida Rosso


Te Recuerdo Amanda

Te recuerdo Amanda,
la calle mojada,
corriendo a la fabrica
donde trabajava Manuel.
La sonrisa ancha,
la lluvia en el pelo,
no imporataba nada,
ibas a encontrarte
con el, con el, con el, con el, con el
son cinco minutos,
la vida es eterna en cinco minutos.
Suena la sirena, devuelta al trabajo
y tu, caminando lo iluminas todo,
los cinco minutos te hacen florecer.
Te recuerdo Amanda,
la calle mojada
corriendo a la fabrica
donde trabajava Manuel.
La sonrisa ancha,
la lluvia en el pelo,
no imporataba nada,
ibas a encontrarte
con el, con el, con el, con el, con el
que partio al sierra,
que nunca hizo dano,
que partio a la sierra
y en cinco minutos
quedo destrozado
Suena la sirena,
de vuelta al trabajo,
muchos no volvieron,
tampoco Manuel.
Te recuerdo Amanda,
la calle mojada,
corriendo a la fabrica
donde trabajava Manuel.

"Os Caras" e você


Ainda não consegui escrever nada sobre ou para você. Uma amiga me disse que era algo mal resolvido. Duvido. Apenas não tive tempo para você. Ou não quiz gastar meu tempo com alguém que hoje, nada me acrescenta ou subtrai. Se sinto alguma coisa é indiferença. E essa é o verdadeiro oposto do amor. Não tens mais o por-de-sol que sempre me acompanhou.
Sinceramente!
Tuas tardes não me atraem.
Devem ser desprovidas de luz.

"Os Caras" e o minimalismo


POEMA MINIMALISTA

Agora
que na Aurora
te encontrei
de tuas águas beberei
e me encantarei.
Justo.
Agora.

"Os Caras" e meu novo aliado


De todas indicações que "Os Caras" me deram
escolhi o ser mais poderoso,
Neste momento de retomada
não poderia titubear,
tinha que ser o mais poderoso.
Encontro-me ainda fraco, machucado, instável.
A memória recente abandonou-me
e o passado castigo teima em visitar-me.
Mas nunca me dei por vencido.
As derrotas sempre foram fermento para meu retorno.
E aqui estou novamente.
Parto do zero com um novo aliado.
Um ser mágico que me acompanha.
Que meus inimigos tremam ao ouvir meu nome.
Que girem nos calcanhares e retornem aos seus túmulos.
Já não existe um perdedor.
Um novo Nelson está vindo à luz.
Todos verão!
(Em pleno outono)

quarta-feira, 11 de junho de 2008

"Os Caras" e os devaneios


As vezes as coisas não andam bem
ou da forma como queriamos que andassem.
Aí ficamos tristes, cabisbaixos,
meditabundos e sorumbáticos.
Dona Deprê vem nos visitar
e ficamos pelos cantos.

Nesses casos tenho a solução.

Suba comigo em meu barco.
Não é novo,
carece de reparos,
nem veloz,
precisa de motores novos.
Mas tem algo que nenhum tem.
Ele voa!
Plaina.
E como a coruja de Minerva
me faz ver as coisas como elas realmente são.
De dentro dele
tenho um novo foco,
um novo matiz
uma nova perspectiva.
Sei que quando regressar ao porto
estarão todos lá.
Mas nos estaremos renovoados.

Suba comigo em meu barco!

"Os Caras" e Fernando Pessoa II


A VÉSPERA DE NÃO PARTIR NUNCA

Na véspera de não partir nunca
Ao menos não há que arrumar malas
Nem que fazer planos em papel,
Com acompanhamento involuntário de esquecimentos,
Para o partir ainda livre do dia seguinte.
Não há que fazer nada
Na véspera de não partir nunca.
Grande sossego de já não haver sequer de que ter sossego!
Grande tranqüilidade a que nem sabe encolher ombros
Por isto tudo, ter pensado o tudo
É o ter chegado deliberadamente a nada.
Grande alegria de não ter precisão de ser alegre,
Como uma oportunidade virada do avesso.
Há quantas vezes vivo
A vida vegetativa do pensamento!
Todos os dias sine linea
Sossego, sim, sossego...
Grande tranqüilidade...
Que repouso, depois de tantas viagens, físicas e psíquicas!
Que prazer olhar para as malas fítando como para nada!
Dorme, alma, dorme!
Aproveita, dorme!
Dorme!
É pouco o tempo que tens!
Dorme!
É a véspera de não partir nunca!

"Os Caras" e o Ombro Amigo


Poucas vezes eu tive na vida um ombro amigo
e quando o tive não soube aproveitar.
Conheci uma pessoa que ganhou um ombro novinho!
Felizes os amigos, amados e queridos dela,
pois agora têm um novo ombro.

Viva o ombro amigo!

segunda-feira, 9 de junho de 2008

"Os Caras" e um DEPOIMENTO DE UM VICIADO

O Rap, o Hip-Hop e o Funk não são meus ritmos preferidos mas "Os Caras" me mandaram esse clip e um bilhete que dizia assim:
"Escute e veja se te lembra alguem"...

"Os Caras" e Diana Krall

Essa postagem é para alguém que esteve ao meu lado. Hoje a reencontro e me dói muito não ter seguido ao lado dela. Uma dor que ela mesma me ensina a eliminar. Por isso escolhi "I love you just the way you are". Te amar do modo, do jeito, da maneira que você está, é, hoje.

terça-feira, 3 de junho de 2008

"Os Caras" e minha Luiza com dezesseis anos


Estamos em 2022,
carrego no lombo sessenta e duas primaveras
Luiza dezesseis
Posso não ter realizado muitas coisas
mas basta vê-la prá saber que fiz muito!

Esta é Luiza!

"Os Caras" e minha Luiza com sete anos


Esta é Luiza com sete anos
Os olhos prosseguem azuis
Os sonhos seguem azuis
Seus dias são azuis

Esta é Luiza!

"Os Caras" e as metades


Metades
Composição: Paulinho Rezende / Paulo Debétio

Metades

Metade de mim te adora
Metade de mim te odeia
Metade te põe porta afora
E a outra metade te anseia
Se a minha mão te afaga
Te alisa e até te protege
A boca te roga uma praga
Com a força discrente do herege.
Metade de mim é teu teto
E a outra é o teu desabrigo
Eu te dou a luz e te cego
Sou misto de joio e de trigo
Metade de mim te descarta
E a outra metade te chama
A alma de ti anda farta
Mas meu corpo te leva pra cama.
Metade de mim te engasga
E a outra teu grito liberta
Se um dos meus lábios te rasga
O outro remenda e conserta
Meu ódio mortal te envenena
Mas vem meu amor e te cura
Vestida te acho obscena
Despida te chamo de pura.

"Os Caras" e Egberto Gismonti


Nada Mais Que a Paixão
Composição: Egberto Gismonti

Não espere de mim nada mais que a paixão
Não espere nada de mais do meu coração
Que bate, rebate e grita
Geme, chora e se agita
Sambando nas cordas bambas de uma viola vadia
Não espere encontrar numa canção
Nada além de um sonho, nada além de uma ilusão
Talvez, quem sabe, a verdade
A infinita vontade de arrancar
De dentro da noite a barra clara do dia

"Os Caras" e meu bisavô


"As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram..."


Para meu bisavô que não conheci
Que deste porto lançou-se ao mar
Na busca de novas terras
E cá veio aportar.

"Os Caras" e Clarice Lispector


"Renda-se, como eu me rendi.
Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei.
Não se preocupe em entender,
viver ultrapassa qualquer entendimento... (Clarice Lispector)"

"Os Caras" e Linda



Tentei achar um chamamento carinhoso
mas todos eram ínfimos perto de tua extensão
então fiquei de te chamar
apenas chamar
de qualquer modo
com qualquer nome
mas chamar.

"Os Caras" e São Paulo destruida



13/08/2009 - 12:35 PM

- Uma série de atentados envolve nesse instante o centro da cidade de São Paulo. Não se sabe o número exato de prédios sinistrados mas os incêndios e desmoronamentos vão desde o costado do Parque Dom Pedro II até o Elevado Costa e Silva, e desde a Estação da Luz até a Avenida Paulista. Estima-se que mais de trezentas mil pessoas já morreram e esse número aumenta a cada instante. Os fatos começaram a ocorrer por volta das 16 hs. Não existem formas de socorro. O tráfego de veículos é impossível. Os helicópteros não podem voar a baixa altitude por causa do calor e da fumaça impressionante que alcança os céus. Equipes de emergência estão fazendo o possível mas o caos se instaurou por toda área.

"Os Caras" e as Mulheres Guerreiras



As Mulheres Guerreiras são aquelas que independente de qualquer status (social, racial, religioso, cultural...) imprimem no cotidiano sua indelével marca. São aquelas que respondem presente quando as outras, ausentes, se perdem nas futilidades e superficialidades que as vezes denotam o sexo. Ligeiras mas cônscias perpetram no hoje o dia de amanhã. São belas, vistosas, brilhantes. Desteminadas e determinadas rompem com os véus dos templos sem que haja sacrifício. São seres especiais que não tergiversam. Abandonam qualquer tipo de leviandade e de forma profunda vão buscar seus ideais.
Mulheres Guereiras são aquelas que acalantam crianças mas têm a espada desembainhada.
Ai dos incautos!

"Os Caras" e Geraldo Azevedo



Dia Branco
Composição: Geraldo Azevedo/ Renato Rocha

Se você vier
Pro que der e vier
Comigo...

Eu lhe prometo o sol
Se hoje o sol sair
Ou a chuva...

Se a chuva cair
Se você vier
Até onde a gente chegar
Numa praça
Na beira do mar
Um pedaço de qualquer lugar...

E nesse dia branco
Se branco ele for
Esse tanto
Esse canto de amor
Oh! oh! oh! oh!...

Se você quiser e vier
Pro que der e vier
Comigo...

Se branco ele for
E esse canto
Esse tando
Esse tão grande amor
Grande amor..

Se você quiser e vier
Pro que der e vier
Comigo...

Comigo!...

"Os Caras" e Zeca Baleiro




Vapor Barato
Composição: Waly Sailormoon e Jards Macalé/Zeca Baleiro

Oh, sim, eu estou tão cansado
Mas não pra dizer
Que eu não acredito mais em você
Com minhas calças vermelhas
Meu casaco de general
Cheio de anéis
Vou descendo por todas as ruas
E vou tomar aquele velho navio
Eu não preciso de muito dinheiro
Graças a deus
E não me importa, honey

Minha honey baby
Baby, honey baby
Oh, minha honey baby
Baby, honey baby
Oh, sim, eu estou tão cansado
Mas não pra dizer
Que eu tô indo embora
Talvez eu volte
Um dia eu volto
Mas eu quero esquecê-la, eu preciso
Oh, minha grande
Ah, minha pequena
Oh, minha grande obsessão
Oh, minha honey baby
Baby, honey baby
Oh, minha honey baby
Honey baby, honey baby, ah

"Os Caras" e Chico Cesar



Pensar em Você
Chico César

É só pensar em você
Que muda o dia
Minha alegria dá pra ver
Não dá pra esconder
Nem quero pensar se é certo querer
O que vou lhe dizer
Um beijo seu
E eu vou só pensar em você
Se a chuva cai e o sol não sai
Penso em você
vontade de viver mais
Em paz com o mundo e comigo
Se a chuva cai e o sol não sai
Penso em você
Vontade de viver mais
Em paz com o mundo e consigo

"Os Caras" e Bob Dylan



Quantas estradas precisará um homem andar
Antes que possam chamá-lo de um homem?
Sim e quantos mares precisará uma
pomba branca sobrevoar
Antes que ela possa dormir na areia?
Sim e quantas vezes precisará
balas de canhão voar
Até serem para sempre abandonadas?
A resposta meu amigo está soprando no vento
A resposta está soprando no vento

Quantos anos pode existir uma montanha
Antes que ela seja lavada pelo mar?
Sim e quantos anos podem algumas pessoas existir
Até que sejam permitidas a serem livres?
Sim e quantas vezes pode um homem virar sua cabeça
E fingir que ele simplesmente não vê?
A resposta meu amigo está soprando no vento
A resposta está soprando no vento

Quantas vezes precisará um homem olhar para cima
Até poder ver o céu?
Sim e quantos ouvidos precisará um homem ter
Até que ele possa ouvir o povo chorar?
Sim e quantas mortes custará até que ele saiba
Que gente demais já morreu?
A resposta meu amigo está soprando no vento
A resposta está soprando no vento

segunda-feira, 2 de junho de 2008

"Os Caras" e o Beijo!



Alguns momentos são eternizados na memória.
Hoje eternizei os lábios de Beth.
Ave!

"Os Caras" e a musa Marina Elali

Não tem prá ninguém!
A mulher é um boing 787!
Os olhos castanhos são de arrepiar!
Ah! Quero morrer!

"Os Caras" e o Encanto da Bete



O nome "Elisabete" vem do hebráico e significa "A Consagrada de Deus". Consagrada quer dizer "Tornada sacra, dedicada a Deus". Não vamos aqui falar do ocorrido nem dos seres que o fizeram, não merecem. Vamos aqui falar da Bete. Conheço-a pouco, quase nada. Mas as postagens que tive a oportunidade de ler no blog "Encanto" me fizeram, desde logo, respeitar e querer sempre visitá-la para beber de seus escritos. Quando lí que ficaria um tempo ausente, lamentei. Lamentei mais quando Gloria, sua irmã, avisou do incidente. Aí me lembrei da última postagem. Parecia que ela sabia, supunha, que algo iria acontecer. Não sou místico, sou até um tanto descrente. Agora sei que além de tudo ela sabia que apenas iria transpor mais um obstáculo.
"Os Caras" estão me dizendo que tudo já foi resolvido e que na "Consagrada de Deus" ninguém põe a mão.
Força moça!!!

"Os Caras" e minha importância II.



Se eu morresse hoje
alguns chorariam,
mas passaria tão rápido...

"Os Caras" e minha importância.





Se eu fosse abduzido hoje
ninguém daria pela minha falta!