sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

"Os Caras" e o Poeta




O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que ele não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.

Fernando Pessoa

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

"Os Caras" e Geraldo Azevedo - Dia Branco (Palco MPB parte 5)

Eu prometo!
Cumplicidade simplesmente.
Sem lógica, razão, porquês, propósitos ou qualquer coisa que represente poder, domínio, posse.
Apenas prometo!
Se você vier...

"Os Caras" e Belchior - A palo seco

Um marco na vida que vivemos é um ponto de referência ao qual voltamos sempre que perdemos nossas fronteiras ou quando a saudade bate sem dó.
..."você sabe e eu sei..."
Que corte todas as nossas carnes para lembrarmos que estamos vivos e que cabe
vivermos.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

"Os Caras" e o Clube da Esquina II - Flávio Venturini

Prá quem tem ouvidos!

"Os Caras" e Zélia Duncan - Alma

"Os Caras" se ligam na Alma.

"Os Caras" - Belchior - Na Hora do Almoço

O filme é pirante.
Magia pura.
O "noir", o gestual...
Belchior então...

"Os Caras" e Sá, Rodrix e Guarabira - Jesus Numa Moto

Jesus Numa Moto
Sá e Guarabira
Composição: Zé Rodrix

Preso nessa cela
De ossos, carne e sangue
Dando ordens a quem não sabe
Obedecendo a quem tem

Só espero a hora
Nem que o mundo estanque
Prá me aproveitar do conforto
De não ser mais ninguém

Eu vou virar a própria mesa
Quero uivar numa nova alcatéia
Vou meter um "Marlon Brando" nas idéias
E sair por aí

Prá ser Jesus numa moto
Che Guevara dos acostamentos
Bob Dylan numa antiga foto
Classius Clay antes dos tratamentos
John Lennon de outras estradas
Easy Rider, dúvida e eclipse
São Tomé das letras apagadas
E Arcanjo Gabriel sem apocalipse

Nada no passado
Tudo no futuro
Espalhando o que já está morto
Pro que é vivo crescer

Sob a luz da lua
Mesmo com sol claro
Não importa o preço que eu pague
O meu negócio é viver

Sob a luz da lua...
Mesmo com sol claro...
Preso nesta cela...

By Luana

"Os Caras" e o Piano na Mangueira: Tom Jobim e Chico Buarque

"Os Caras" são mangueirenses rouxos (desde que se pinte o rouxo de verde e rosa).

"Os Caras" e O Mundo é Um Moinho, de Cartola, by Vanessa Borhagian

- Ouvi e me apaixonei pela Vanessa. Uma interpretação meiga e despretenciosa.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

"Os Caras" e a Musa Loura



Eu te vi
Ali
pelas calçadas,
entre os transeuntes.
Quedei-me atônito,
faltou-me ar,
perdi o chão.
Mil versos brotaram em jorro
boquiaberto te segui.
As formas,
As curvas,
Os movimentos a me hipnotizar,
num lá, num cá.
num lá, num cá.
Ah! Sílfide de longas pernas

Eu te ví
Alí
e não acreditei!

sábado, 2 de agosto de 2008

"Os Caras" e o mês de agosto.


"Agosto é popularmente conhecido como o "mês do cachorro louco". Claro que há uma explicação científica para o título, ainda que muito vaga. Diz-se que é porque nesse mês há uma maior concentração de cadelas no cio, em decorrência das condições climáticas, o que gera maior promiscuidade entre os animais e, portanto, maior contágio da raiva, doença que os enlouquece."

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

"Os Caras" e Nietzsche VII


"ASSIM FALOU ZARATUSTRA"

“De todo o escrito só me agrada aquilo que uma pessoa escreveu com o seu sangue. Escreve com sangue e aprenderás que o sangue é espírito.
Não é fácil compreender sangue alheio: eu detesto todos os ociosos que lêm.
O que conhece o leitor já nada faz pelo leitor. Um século de leitores, e o próprio espírito terá mau cheiro.
Ter toda a gente o direito de aprender a ler é coisa que estropia, não só a letra mas o pensamento.
Noutro tempo o espírito era Deus; depois fez-se homem; agora fez-se populaça.
O que escreve em máximas e com sangue não quer ser lido, mas decorado. Nas montanhas, o caminho mais curto é o que medeia de cimo a cimo; mas para isso é preciso ter pernas altas. Os aforismos devem ser cumieiras, e aqueles a quem se fala devem ser homens altos e robustos.
O ar leve e puro, o próximo perigo e o espírito cheio de uma alegre malícia, tudo isto se harmoniza bem.
Eu quero ver duendes em torno de mim porque sou valoroso. O valor que afugenta os fantasmas cria os seus próprios duendes: o valor quer rir.
Eu já não sinto em unísono convosco; essa nuvem que eu vejo abaixo de mim, esse negrume e carregamento de que me rio, é precisamente a vossa nuvem tempestuosa.
Vós olhais para cima quando aspirais a vos elevar. Eu, como estou alto, olho para baixo.
Qual de vós pode estar alto e rir ao mesmo tempo?
O que escala elevados montes ri-se de todas as tragédias da cena e da vida.
Valorosos, despreocupados, zombeteiros, violentos, eis como nos quer a sabedoria. É mulher e só lutadores podem amar.
Vós dizeis-me: “A vida é uma carga pesada”. Mas, para que é esse vosso orgulho pela manhã e essa vossa submissão, à tarde?
A vida é uma carga pesada; mas não vos mostreis tão contristados. Todos somos jumentos carregados.
Que parecença temos com o cálice de rosa que treme porque o oprime uma gota de orvalho?
É verdade: amamos a vida não porque estejamos habituados à vida, mas ao amor.
Há sempre o seu quê de loucura no amor; mas também há sempre o seu quê de razão na loucura.
E eu, que estou bem com a vida, creio que para saber de felicidade não há como as borboletas e as bolhas de sabão, e o que se lhes assemelhe entre os homens.
Ver revolutear essas almas aladas e loucas, encantadoras e buliçosas, é o que arranca a Zaratustra lágrimas e canções.
Eu só poderia crer num Deus que soubesse dançar.
E quando vi o meu demônio, pareceu-me sério, grave, profundo e solene: era o espírito do pesadelo. Por ele caem todas as coisas.
Não é com cólera, mas com riso que se mata. Adiante! matemos o espírito do pesadelo!
Eu aprendi a andar; por conseguinte corro. Eu aprendi a voar; por conseguinte não quero que me empurrem para mudar de sítio.
Agora sou leve, agora vôo; agora vejo por baixo de mim mesmo, agora salta em mim um Deus”.
Assim falava Zaratustra.

Obtido em "http://pt.wikisource.org/wiki/Assim_falou_Zaratustra/Ler_e_Escrever"

"Os Caras" e Nietzsche VI


"ETERNO RETORNO"

"E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: "Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez - e tu com ela, poeirinha da poeira!". Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasses assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderías: "Tu és um deus e nunca ouvi nada mais divino!" Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse: a pergunta diante de tudo e de cada coisa: "Quero isto ainda uma vez e inúmeras vezes?" pesaria como o mais pesado dos pesos sobre o teu agir! Ou, então, como terias de ficar de bem contigo e mesmo com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela?"

"Os Caras" e Nietzsche V


"A GAIA CIÊNCIA"

"O homem louco se lançou para o meio deles e trespassou-os com seu olhar: "Para onde foi Deus?", gritou ele, "já lhes direi! Nós matámo-lo — vocês e eu. Somos todos seus assassinos! Mas como fizemos isso? Como conseguimos beber inteiramente o mar? Quem nos deu a esponja para apagar o horizonte? Que fizemos nós, ao desatar a terra do seu sol? Para onde se move ela agora? Para onde nos movemos nós? Para longe de todos os sóis? Não caímos continuamente? Para trás para os lados, para a frente, em todas as direções? Existe ainda 'em cima' e 'embaixo'? Não vagamos como que através de um nada infinito? Não sentimos anoitecer eternamente? Não temos de acender lanternas de manhã? Não ouvimos o barulho dos coveiros a enterrar Deus? Não sentimos o cheiro da putrefação divina? — também os deuses apodrecem! Deus está morto! Deus continua morto! E nós matámo-los! Como nos consolar, nós assassinos entre os assassinos? O mais forte e mais sagrado que o mundo até então possuía sangrou inteiro sob os nossos punhais — quem nos limpará este sangue? Com que água poderíamos nos lavar? A grandeza desse acto não é demasiado grande para nós? Não deveríamos nós mesmos nos tornar deuses, para ao menos parecer dignos dele? Nunca houve um acto maior — e quem vier depois de nós pertencerá, por causa desse acto, a uma história mais elevada que toda a história até então!"

"Os Caras" e Nietzsche IV


"POR QUE EU SOU TÃO INTELIGENTE?" (ECCE HOMO)

Por que eu sei algo mais? Por que, acima de tudo, eu sou tão inteligente? Jamais me pus a pensar a respeito de perguntas que não são perguntas - eu não me esbanjei… Dificuldades religiosas de verdade, por exemplo, eu jamais as conheci por minha própria experiência. Sequer me dei conta até que ponto eu deveria me sentir “pecaminoso”. Do mesmo modo me falta um critério confiável para saber o que é um sentimento de culpa: segundo aquilo que se ouve a respeito, um sentimento de culpa não me parece nada digno de atenção…

"Os Caras" e Nietzsche III


"O ANTI CRISTO"

"Para suportar a minha seriedade e a minha paixão é preciso ser íntegro nas coisas de espírito até as últimas conseqüências; estar acostumado a viver nas montanhas, a ver abaixo de si o mesquinho Charlatanismo actual da política e do egoísmo dos povos; e, finalmente, ter-se tornado indiferente e jamais perguntar se a verdade é útil, se chegará a ser uma fatalidade... Necessária é também uma inclinação para enfrentar questões que hoje ninguém se atreve a elucidar; inclinação para o proibido; predestinação para o labirinto".

"Os Caras" e Nietzsche II


"ALÉM DO BEM E DO MAL"

"Independência é algo para bem poucos: - é prerrogativa dos fortes. E quem procura ser independente sem ter a obrigação disso, ainda que com todo o direito demostra que provavelmente é não apenas forte, mas temerário além de qualquer medida. Ele penetra num labirinto, multiplica mil vezes os perigos que o viver já traz consigo; dos quais um dos maiores é que ninguém pode ver como e onde se extravia, se isola e é despedaçado por algum Minotauro da consciência. Supondo que alguém assim desapareça, isto ocorre tão longe do entendimento dos homens que eles não sentem nem compadecem: - e ele não pode voltar! já não pode retornar sequer para a compaixão dos homens!"

"Os Caras" e Nietzsche I


HUMANO, DEMASIADAMENTE HUMANO

"A gente sóbria e industriosa, em que a religião está bordada como um laurel da humanidade superior: essa gente faz muito bem em continuar religiosa, isso a embeleza. Todos os homens que não entendem o ofício das armas – incluindo entre as armas a boca e a caneta – tornam-se servis: para esses. A religião cristã é muito útil, pois o servilismo toma então o aspecto de uma virtude cristã e fica estonteantemente embelezado. Pessoas, para quem sua vida cotidiana parece demasiado vazia e monótona, tornam-se facilmente religiosas: isto é compreensível e perdoável".

quinta-feira, 31 de julho de 2008

"Os Caras" e a caçada


ZARATUSTRA

Assim falei aos quatro ventos. No tempo em que meus pés descalços atravessaram o rio da razão:
- É tempo de caçada!
A serpente ficou na caverna levo a águia e meu alforje. Meus bastão está na outra margem e quando voltar estarei mais forte e ele se moldará em minhas mãos.
São tempos de trazer à luz os enigmas que os incautos se recusam decifrar. São tempos de dor e ranger de dentes para os fracos e despreparados.
D'outro lado não existe Creonte, nem Cerbero, nem mito algum.
- É tempo de caçar e somente eu poderei correr as armadilhas.

terça-feira, 29 de julho de 2008

"Os Caras" e a mesma estrada.


"...Eu já estou com o Pé nessa estrada..."

Na realidade faz 13 anos que estou nessa estrada, mas hoje tem um significado diferente. Hoje estarei discurtinando um novo horizonte, com mais possibilidades e com mais perspectivas. O prisma de luz se fará presente e zilhões de arcos-íris se apresentarão atrás de cada montanha, após cada curva.
É nessa estrada que o super-homem aparecerá.
Nela a Vontade de Poder se instalará.
O alvo continua sendo o mesmo, apenas a caminhada agora tem outro sabor, outro perfume.
Para trás ficou o que tinha que ficar.
À frente e avante!

sexta-feira, 25 de julho de 2008

"Os Caras" e a Queda dos Anjos


A Queda dos Anjos - Bruegel

quarta-feira, 23 de julho de 2008

"Os Caras" e Gonzaguinha - Nunca pare de sonhar

"Os Caras" me disseram que Gonzaguinha partiu antes do combinado.

terça-feira, 22 de julho de 2008

"Os Caras" e Herman Hesse II


O Lobo da estepe é um romance que narra a desintegração da personalidade num homem maduro, ou quiçá o fracasso ou a resignação ante a impossibilidade de formação de uma personalidade coesa e sólida na voragem de um tempo de transmutação de valores, de fragmentação e velocidade. Haller vive entre as trevas e a luz, o sensual e o espiritual, o moderno e a tradição, o profano e o sagrado, numa interminável e aguda crise. Não é feliz. A certa altura, no clímax de uma sensual festa de máscaras, imerso na multidão, já desfigurado, sem passado, sem face, sem personalidade, sente seu ego, sua individualidade dissolvida na unio mystica da alegria. Harry Haller experimenta uma espécie de transcendência espiritual às avessas.
O livro parece deixar uma conclusão pessimista quanto à possibilidade de formação da unidade pessoal. Mas Hesse, em nota de 1961 para uma reedição do romance, diz que não descarta no romance a esperança oculta de uma síntese transcendente, que integre o santo e o libertino, o que parece estar prefigurado na demonstração da unidade oculta das mil almas no capítulo final da obra.

"Os Caras" e Maysa

Meu Mundo Caiu
Composição: Maysa
Interpretação: Banda 99 macacos

Meu mundo caiu
E me fez ficar assim
Você conseguiu
E agora diz que tem pena de mim

Não sei se me explico bem
Eu nada pedi
Nem a você nem a ninguém
Não fui eu que caí

Sei que você me entendeu
Sei também que não vai se importar
Se meu mundo caiu
Eu que aprenda a levantar

"Os Caras" e Chico Buaque - Joana Francesa - Jeanne Moreau

A narração inicial é de Paulo José. Assista até o final.
Arte pura!

"Os Caras" e Carlinhos Brasil - Lealdade

Serei leal contigo...

segunda-feira, 21 de julho de 2008

"Os Caras" e Milton Nascimento - Caçador de Mim

Caçador de Mim
Milton Nascimento
Composição: Luís Carlos Sá e Sérgio Magrão

Por tanto amor
Por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz
Manso ou feroz
Eu caçador de mim

Preso a canções
Entregue a paixões
Que nunca tiveram fim
Vou me encontrar
Longe do meu lugar
Eu, caçador de mim

Nada a temer senão o correr da luta
Nada a fazer senão esquecer o medo
Abrir o peito a força, numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura

Longe se vai
Sonhando demais
Mas onde se chega assim
Vou descobrir
O que me faz sentir
Eu, caçador de mim


"...que perguntar carece:
- Como não fui eu quem fiz."

quarta-feira, 16 de julho de 2008

"Os Caras" e o Punhal


"TU QUOQUE CEASAR"

Poucos entenderão a inversão do fato histórico.
Mas em 30 de junho de 2008, Cesar apunhalou Brutus pelas costas.

VERÔNICA SABINO - Todo Sentimento - Live!

Chico Buarque
Composição: Chico Buarque e C. Bastos

Preciso não dormir
Até se consumar
O tempo da gente
Preciso conduzir
Um tempo de te amar
Te amando devagar e urgentemente
Pretendo descobrir
No último momento
Um tempo que refaz o que desfez
Que recolhe todo sentimento
E bota no corpo uma outra vez
Prometo te querer
Até o amor cair
Doente, doente
Prefiro então partir
A tempo de poder
A gente se desvencilhar da gente
Depois de te perder
Te encontro com certeza
Talvez num tempo da delicadeza
Onde não diremos nada
Nada aconteceu
Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu.

"Os Caras" e Carlinhos Brasil

Carlinhos Brasil dispensa qualquer comentário. Sou suspeito para falar da pessoa e do artista. Quem tem o prazer de desfrutar da amizade ou de conviver com ele é com certeza um privilegiado. Chego a dizer que Carlinhos Brasil canta Caetano Veloso melhor que Caetano Veloso. É isso!

"Os Caras" e as visitas noturnas


Sei que na penumbra de meu quarto caminhas todas as noites a observar meu sono. Silenciosa, taciturna, louca para se estender em meus lençóis, roçar teu pé no meu, dormir de "conchinha". Sei, mesmo no mais pesado dos sonos, que escutas meu respirar, penetras no meu sonhar e se divertes com meu sexo. Sei-te toda, em partes e em mistérios. Fostes presença constante em passado remoto e agora anseias em retornar ao que era teu. Façamos assim. Sigas me observando. Passe teus longos dedos pelos meus cabelos e saibas que teu termo está chegando.

terça-feira, 15 de julho de 2008

"Os Caras" e Rembrandt


Rembrandt

15/7/1606, Leiden, Holanda
4/10/1669, Amsterdã, Holanda


Em 1642, o pintor Rembrandt entregou uma obra que pintara sob encomenda. Era a chamada "A Ronda Noturna" (que, hoje se sabe, não era ronda nem noturna.). O cliente a rejeitou, acusando o artista de "não ter pintado seu retrato", de ter representado "o cenário de uma ópera bufa" e de ter cobrado um preço "muito alto". Nos debates que se seguiram, o pintor foi enfim acusado de "pintar só o que queria". Talvez por isso, Rembrandt tornou-se um dos mais importantes nomes da história da arte ocidental.

Embora de família humilde, Rembrandt van Rijn recebeu boa instrução. Freqüentou a Universidade de Leiden, mas em 1620 interrompeu os estudos para dedicar-se à pintura. No ano seguinte, foi aprender as técnicas de Jacob van Swanenburg no ateliê desse pintor.

Em 1623, transferiu-se para Amsterdã, tornando-se discípulo de Pieter Lastman. Dois anos depois, pintou seu primeiro quadro conhecido. Voltou para Leiden em 1627, permanecendo quatro anos. Ali, instalou seu primeiro ateliê, iniciando intensa atividade artística. Dessa época datam várias águas-fortes.

Em 1631, estabeleceu-se definitivamente em Amsterdã, obtendo rapidamente grande reconhecimento. No ano seguinte, pintou a famosa "Lição de Anatomia do Dr. Tulp", que lhe rendeu muitas encomendas de retratos e pinturas sacras.

Já famoso, Rembrandt casou em 1634 com Saskia Uylenburgh (com quem teria um filho, Titus). O casal foi morar numa casa confortável no bairro judeu de Amsterdã. O lugar tornou-se centro de reuniões sociais, abrigando um belo acervo de móveis e objetos antigos. Rembrandt passou a ter muitos alunos e muitos clientes ricos.

Saskia morreu em 1642. Três anos depois, Hendryckje Stoffels começou a trabalhar como babá de Titus e foi morar com Rembrandt, tornando-se sua companheira. Em 1654, Rembrandt teve com ela uma filha ilegítima, a quem deu o nome Cornelia. O fato causou grande escândalo.

Em 1656, após uma série de problemas nos negócios, Rembrandt teve a falência decretada. Dois anos depois, todos os seus bens foram vendidos judicialmente. Num desses leilões, arrematou-se o "Auto-Retrato de Barba Nascente", hoje no Museu de Arte de São Paulo (Masp).

Em 1660, Titus e Hendryckje abriram uma empresa para comercializar as obras do pintor, evitando o prosseguimento da falência. Em 1663, Rembrandt perdeu a companheira. Mesmo sozinho, continuou executando várias obras, entre elas paisagens e auto-retratos. Pintou também retratos de Titus; num deles (o quadro "São Mateus e o Anjo", que está no Museu do Louvre), o filho aparece como Mateus.

Titus morreu em 1668. Rembrandt pintou ainda um último "Auto-Retrato", uma composição dramática. Rembrandt van Rijn morreu aos 63 anos, na solidão e na miséria.
>

"Os Caras" e Minha Linda


Não se entristeça minha Linda
nessa vida tudo é passageiro
(menos o motorista e o cobrador)
Uma batalha já foi vencida,
renhida, difícil mas já passou.
Descanse a espada,
melhore esse olhar,
eu estou contigo.
Eles virão novamente minha Linda.
Combateremos lado a lado
e se os vencermos,
prosseguiremos,
se não vencermos,
prosseguiremos do mesmo modo.

Apenas não se entristeça!

terça-feira, 8 de julho de 2008

"Os Caras" e Juliana Rosso Frediano


Juliana
Antônio Adolfo

Num fim de tarde, meio de dezembro
Ainda me lembro e posso até contar
O sol caia dentro do horizonte
Juliana viu o amor chegar

A lua nova perto da ribeira
Trançava esteiras sobre os araças
Entrando em relva seu corpo moreno
Juliana viu o amor chegar

Botão de rosa perfumosa e linda
tão menina ainda a desabrochar
Pelos canteiros do amor primeiro
foi chegada a hora do seu despertar

E a poesia então fez moradia
na roseira vida que se abria em par
Entre suspiros junto à ribeira
Juliana viu o amor chegar

E Juliana então se fez mulher
E Juliana viu o amor chegar

"Os Caras" e Barbara Mar Rosso Frediano


Bárbara
Chico Buarque
Composição: Chico Buarque - Ruy Guerra

Bárbara, Bárbara
Nunca é tarde, nunca é demais
Onde estou, onde estás
Meu amor, vem me buscar

O meu destino é caminhar assim
Desesperada e nua
Sabendo que no fim da noite serei tua
Deixa eu te proteger do mal, dos medos e da chuva
Acumulando de prazeres teu leito de viúva

Bárbara, Bárbara
Nunca é tarde, nunca é demais
Onde estou, onde estás
Meu amor vem me buscar

Vamos ceder enfim à tentação
Das nossas bocas cruas
E mergulhar no poço escuro de nós duas
Vamos viver agonizando uma paixão vadia
Maravilhosa e transbordante, como uma hemorragia

Bárbara, Bárbara
Nunca é tarde, nunca é demais
Onde estou, onde estás
Meu amor vem me buscar
Bárbara

terça-feira, 1 de julho de 2008

"Os Caras" e a Cara



"EU APRENDI, QUE TUDO O QUE PRECISAMOS , É DE UMA MÃO PARA SEGURAR E UM CORAÇÃO PARA NOS ENTENDER"

Shakespeare

"Os Caras" e o Grande "N"


Quando me vendaram os olhos
eu já sabia que vinha surpresa.
Mas sinceramente não esperava tanto.
Escolheram a planície de Maratona,
bem no estreito de Dardanelos,
meu local preferido para reflexões.

O dia era lindo,
Como se Zeus o presenteasse.
O ar que soprava inspirava canções.

Quando pude ver a extenção da obra, chorei.
Nem o Colosso de Rhodes representava tanto.
Lá estava minha inicial.
Esculpida, moldada, forjada.

Como a dizer: Você pode!

"Os Caras" e Os Cavalos do Apocalipe


ONDE ESTÃO OS CAVALEIROS?

Peste foi a primeira a se debandar
ouvira falar de uma cura, uma vacina
um unguento, não quiz arriscar.

Guerra seguiu-a pois batalhar com "Os Caras"
inútil seria e burrice também
não quiz perder mais uma batalha.

Fome ausentou-se "a francesa"
ninguém viu, ouviu ou percebeu
Os campos já estavam verdes.

Morte foi a última, resistiu
o quanto pode, mas não pode,
pois sua foice foi-se.

"Os Caras" a Loura e os Falsos Caras


No princípio tentaram enganá-la
Mostraram quantidade, força, armas.
Com seu olhar desconfiado
ela os acompanhou até o campo de batalha.
Eles pareciam inquietos, nervosos, ansiosos,
ela taciturna, serena e de espada em mãos.

Tive dó do que ocorreu.
Os abutres se alimentarão pelo resto da vida.
Não mais inimigos em quantidade (qualidade nenhuma).

Agora ela passeia sobre os despojos.
Sabendo que "Os Caras" a consideram.

sábado, 28 de junho de 2008

"Os Caras" e a teimosia


O NEGÓCIO É O SEGUINTE:
O BLOG É MEU!
ENTÃO POSTO O QUE EU QUIZER.

"Os Caras" e as relações familiares


Morreu de Confusão (carta de um suicida)

Foi encontrada no bolso de um suicída, em Maceió, a seguinte carta:

"Ilmo. Sr. Delegado de Polícia:

Não culpe ninguém pela minha morte. Deixei esta vida porque, um dia mais que eu vivesse, acabaria morrendo louco. Explico-lhe, Sr. Delegado: tive a desdita de casar-me com uma viúva, a qual tinha uma filha. Se eu soubesse disso, jamais teria me casado.

Meu pai, para maior desgraça, era viúvo, e quis a fatalidade que ele se enamorasse e casasse com a filha de minha mulher. Resultou daí que minha mulher tornou-se sogra de meu pai. Minha enteada ficou sendo minha mãe, e meu pai era, ao mesmo tempo, meu genro. Após algum tempo, minha filha trouxe ao mundo um menino, que veio a ser meu irmão, porém neto de minha mulher, de maneira que fiquei sendo avô de meu irmão. Com o decorrer do tempo, minha mulher também deu à luz um menino que, como irmão de minha mãe, era cunhado de meu pai e tio de seu filho, passando minha mulher a ser nora de sua própria filha.

Eu, Sr. Delegado, fiquei sendo pai de minha mãe, tornando-me irmão de meu pai e de meus filhos, e minha mulher ficou sendo minha avó, já que é mãe de minha mãe. Assim, acabei sendo avô de mim mesmo.

Portanto, Sr. Delegado, antes que a coisa se complicasse mais, resolvi desertar deste mundo.

Perdão, Sr. Delegado."

Da seção "O impossível acontece", da revista "O Cruzeiro".

quarta-feira, 25 de junho de 2008

"Os Caras" e a Chuva na Roseira


Chovendo na Roseira
Elis Regina
Composição: Tom Jobim

Olha está chovendo na roseira
Que só dá rosa mas não cheira
A frescura das gotas úmidas
Que é de Luisa
Que é de Paulinho
Que é de João
Que é de ninguém

Pétalas de rosa carregadas pelo vento
Um amor tão puro carregou meu pensamento

Olha um tico-tico mora ao lado
E passeando no molhado
Adivinhou a primavera

Olha que chuva boa prazenteira
Que vem molhar minha roseira
Chuva boa criadeira
Que molha a terra
Que enche o rio
Que limpa o céu
Que trás o azul

Olha o jasmineiro está florido
E o riachinho de água esperta
Se lança em vasto rio de águas calmas

Ah, você é de ninguém
Ah, você é de ninguém

"Os Caras" e Bertolt Brecht


Aos que vierem depois de nós

Bertolt Brecht
(Tradução de Manuel Bandeira)

Realmente, vivemos muito sombrios!
A inocência é loucura. Uma fronte sem rugas
denota insensibilidade. Aquele que ri
ainda não recebeu a terrível notícia
que está para chegar.

Que tempos são estes, em que
é quase um delito
falar de coisas inocentes.
Pois implica silenciar tantos horrores!
Esse que cruza tranqüilamente a rua
não poderá jamais ser encontrado
pelos amigos que precisam de ajuda?

É certo: ganho o meu pão ainda,
Mas acreditai-me: é pura casualidade.
Nada do que faço justifica
que eu possa comer até fartar-me.
Por enquanto as coisas me correm bem
[(se a sorte me abandonar estou perdido).
E dizem-me: "Bebe, come! Alegra-te, pois tens o quê!"

Mas como posso comer e beber,
se ao faminto arrebato o que como,
se o copo de água falta ao sedento?
E todavia continuo comendo e bebendo.

Também gostaria de ser um sábio.
Os livros antigos nos falam da sabedoria:
é quedar-se afastado das lutas do mundo
e, sem temores,
deixar correr o breve tempo. Mas
evitar a violência,
retribuir o mal com o bem,
não satisfazer os desejos, antes esquecê-los
é o que chamam sabedoria.
E eu não posso fazê-lo. Realmente,
vivemos tempos sombrios.


Para as cidades vim em tempos de desordem,
quando reinava a fome.
Misturei-me aos homens em tempos turbulentos
e indignei-me com eles.
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra.

Comi o meu pão em meio às batalhas.
Deitei-me para dormir entre os assassinos.
Do amor me ocupei descuidadamente
e não tive paciência com a Natureza.
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra.

No meu tempo as ruas conduziam aos atoleiros.
A palavra traiu-me ante o verdugo.
Era muito pouco o que eu podia. Mas os governantes
Se sentiam, sem mim, mais seguros, — espero.
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra.

As forças eram escassas. E a meta
achava-se muito distante.
Pude divisá-la claramente,
ainda quando parecia, para mim, inatingível.
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra.

Vós, que surgireis da maré
em que perecemos,
lembrai-vos também,
quando falardes das nossas fraquezas,
lembrai-vos dos tempos sombrios
de que pudestes escapar.

Íamos, com efeito,
mudando mais freqüentemente de país
do que de sapatos,
através das lutas de classes,
desesperados,
quando havia só injustiça e nenhuma indignação.

E, contudo, sabemos
que também o ódio contra a baixeza
endurece a voz. Ah, os que quisemos
preparar terreno para a bondade
não pudemos ser bons.
Vós, porém, quando chegar o momento
em que o homem seja bom para o homem,
lembrai-vos de nós
com indulgência.

"Os Caras" e Clarice Lispector II


Clarice Lispector


"Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada... Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro..."

"Os Caras" - Esperando Aviões

Esperando Aviões
Vander Lee
Composição: Vander Lee

Meus olhos te viram triste
Olhando pro infinito
Tentando ouvir o som do próprio grito
E o louco que ainda me resta
Só quis te levar pra festa
Você me amou de um jeito tão aflito

Que eu queria poder te dizer sem palavras
Eu queria poder te cantar sem canções
Eu queria viver morrendo em sua teia
Seu sangue correndo em minha veia
Seu cheiro morando em meus pulmões
Cada dia que passo sem sua presença
Sou um presidiário cumprindo sentença
Sou um velho diário perdido na areia
Esperando que você me leia
Sou pista vazia esperando aviões

Sou o lamento no canto da sereia
Esperando o naufrágio das embarcações



"Os Caras" e os Românticos

Românticos
Vander Lee
Composição: Nado Siqueira

Românticos são poucos
Românticos são loucos
Desvairados
Que querem ser o outro
Que pensam que o outro
É o paraíso...

Românticos são lindos
Românticos são limpos
E pirados
Que choram com baladas
Que amam sem vergonha
E sem juízo...

São tipos populares
Que vivem pelos bares
E mesmo certos
Vão pedir perdão
Que passam a noite em claro
Conhecem o gosto raro
De amar sem medo
De outra desilusão...

Romântico
É uma espécie em extinção!
Romântico
É uma espécie em extinção!

Românticos são poucos
Românticos são loucos
Desvairados
Que querem ser o outro
Que pensam que o outro
É o paraíso...

Românticos são lindos
Românticos são limpos
E pirados
Que choram com baladas
Que amam sem vergonha
E sem juízo...

São tipos populares
Que vivem pelos bares
E mesmo certos
Vão pedir perdão
Que passam a noite em claro
Conhecem o gosto raro
De amar sem medo
De outra desilusão...

Romântico
É uma espécie em extinção!
Romântico
É uma espécie em extinção!

Românticos são poucos
Românticos são loucos
Como eu!
Românticos são loucos
Românticos são poucos
Como eu! Como eu!


terça-feira, 24 de junho de 2008

"Os Caras" e Saramago


Poema à boca fechada

Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.

Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.

Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.


(In OS POEMAS POSSÍVEIS, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1981. 3ª
edição)

"Os Caras" e o Sul do Equador


Letra e música: Chico Buarque; Ruy Guerra
In: "Feitiço Elektra", 1978
Carlos Ilharco

Não existe pecado do lado de
baixo do Equador
vamos fazer um pecado, rasgado
suado a todo o vapor
me deixa ser seu escracho
capacho, teu cacho
um riacho de amor
quando é lição de esculacho
olha aí, sai de baixo
que eu sou professor
Deixa a tristeza para lá.
Vem comer, me jantar
sarapatel, caruru, tucupi, tacacá
vê se me usa, me abusa, lambuza
que a tua cafuza
não pode esperar
deixa a tristeza para lá
vem comer, me jantar
sarapatel, caruru, tucupi, tacacá
vê se se esgota, me bota na mesa
qua a tua holandesa
não pode esperar
não existe pecado do lado de
baixo do Equador
vamos fazer um pecado, rasgado
suado a todo o vapor
me deixa ser seu escracho
capacho, teu cacho
um riacho de amor
quando é missão de esculacho
olha aí, sai de baixo
eu sou embaixador

segunda-feira, 23 de junho de 2008

"Os Caras" e Olha

É difícil falar desssa música. Primeiro porque nunca gostei de nada que viesse de Roberto Carlos. Mas a primeira vez que ouvi me comprou. Segundo que os olhos verdes sempre me fizeram mal.
É isso!

"Os Caras" e Cora Coralina


O cântico da terra

Cora Coralina

Eu sou a terra, eu sou a vida.
Do meu barro primeiro veio o homem.
De mim veio a mulher e veio o amor.
Veio a árvore, veio a fonte.
Vem o fruto e vem a flor.

Eu sou a fonte original de toda vida.
Sou o chão que se prende à tua casa.
Sou a telha da coberta de teu lar.
A mina constante de teu poço.
Sou a espiga generosa de teu gado
e certeza tranqüila ao teu esforço.

Sou a razão de tua vida.
De mim vieste pela mão do Criador,
e a mim tu voltarás no fim da lida.
Só em mim acharás descanso e Paz.

Eu sou a grande Mãe Universal.
Tua filha, tua noiva e desposada.
A mulher e o ventre que fecundas.
Sou a gleba, a gestação, eu sou o amor.

A ti, ó lavrador, tudo quanto é meu.
Teu arado, tua foice, teu machado.
O berço pequenino de teu filho.
O algodão de tua veste
e o pão de tua casa.

E um dia bem distante
a mim tu voltarás.
E no canteiro materno de meu seio
tranqüilo dormirás.

Plantemos a roça.
Lavremos a gleba.
Cuidemos do ninho,
do gado e da tulha.
Fartura teremos
e donos de sítio
felizes seremos

"Os Caras" e Angela Bretas


Soneto - Mulher Abstrata

Ângela Bretas


Sou quem sou, simplesmente mulher, não fujo, nem nego,
Corro risco, atropelo perigo, avanço sinal, ignoro avisos.
Procuro viver, sem medo, sem dor, com calor, aconchego,
Supro carências, rego desejos, desabrocho em risos...

Matéria cobiçada... na tez macia, no calor ardente.
Alma pura, envolta em completa fissura. Sem frescuras!
Encontro prazer na forma completa, repleta, latente.
Meretriz sem pudor,mulher no ponto, uva madura!

Sou quadro abstrato, me entrego no ato à paixão que aflora.
Sou enigma permanente, sem ponto final, sem continências,
Sou mulher tão somente, vivendo o momento, sorvendo as horas.

Sou pétala recolhida, sem forma, sem cor, completa em essência.
Exalo a esperança, transpiro vontades. Não me tenhas senhora.
Sou mulher insolúvel, nada volúvel. Vivo a vida em reticências...

"Os Caras" e Torquato Neto


Cogito

Torquato Neto


eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível


eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
nesta hora


eu sou como eu sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim


eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranqüilamente
todas as horas do fim.

"Os Caras" e Ferreira Gular


Não-coisa

Ferreira Gullar

O que o poeta quer dizer
no discurso não cabe
e se o diz é pra saber
o que ainda não sabe.

Uma fruta uma flor
um odor que relume...
Como dizer o sabor,
seu clarão seu perfume?

Como enfim traduzir
na lógica do ouvido
o que na coisa é coisa
e que não tem sentido?

A linguagem dispõe
de conceitos, de nomes
mas o gosto da fruta
só o sabes se a comes

só o sabes no corpo
o sabor que assimilas
e que na boca é festa
de saliva e papilas

invadindo-te inteiro
tal do mar o marulho
e que a fala submerge
e reduz a um barulho,

um tumulto de vozes
de gozos, de espasmos,
vertiginoso e pleno
como são os orgasmos

No entanto, o poeta
desafia o impossível
e tenta no poema
dizer o indizível:

subverte a sintaxe
implode a fala, ousa
incutir na linguagem
densidade de coisa

sem permitir, porém,
que perca a transparência
já que a coisa ë fechada
à humana consciência.

O que o poeta faz
mais do que mencioná-la
é torná-la aparência
pura — e iluminá-la.

Toda coisa tem peso:
uma noite em seu centro.
O poema é uma coisa
que não tem nada dentro,

a não ser o ressoar
de uma imprecisa voz
que não quer se apagar
— essa voz somos nós./

"Os Caras" e Mario Quintana II



Eu queria trazer-te uns versos muito lindos

Mario Quintana

Eu queria trazer-te uns versos muito lindos
colhidos no mais íntimo de mim...
Suas palavras
seriam as mais simples do mundo,
porém não sei que luz as iluminaria
que terias de fechar teus olhos para as ouvir...
Sim! Uma luz que viria de dentro delas,
como essa que acende inesperadas cores
nas lanternas chinesas de papel!
Trago-te palavras, apenas... e que estão escritas
do lado de fora do papel... Não sei, eu nunca soube o que dizer-te
e este poema vai morrendo, ardente e puro, ao vento
da Poesia...
como
uma pobre lanterna que incendiou!>

"Os Caras" e Ariano Suassuna



Noturno
Ariano Suassuna

Têm para mim Chamados de outro mundo
as Noites perigosas e queimadas,
quando a Lua aparece mais vermelha
São turvos sonhos, Mágoas proibidas,
são Ouropéis antigos e fantasmas
que, nesse Mundo vivo e mais ardente
consumam tudo o que desejo Aqui.

Será que mais Alguém vê e escuta?

Sinto o roçar das asas Amarelas
e escuto essas Canções encantatórias
que tento, em vão, de mim desapossar.

Diluídos na velha Luz da lua,
a Quem dirigem seus terríveis cantos?

Pressinto um murmuroso esvoejar:
passaram-me por cima da cabeça
e, como um Halo escuso, te envolveram.
Eis-te no fogo, como um Fruto ardente,
a ventania me agitando em torno
esse cheiro que sai de teus cabelos.

Que vale a natureza sem teus Olhos,
ó Aquela por quem meu Sangue pulsa?

Da terra sai um cheiro bom de vida
e nossos pés a Ela estão ligados.
Deixa que teu cabelo, solto ao vento,
abrase fundamente as minhas mão...

Mas, não: a luz Escura inda te envolve,
o vento encrespa as Águas dos dois rios
e continua a ronda, o Som do fogo.

Ó meu amor, por que te ligo à Morte?
>

sexta-feira, 20 de junho de 2008

"Os Caras" e Billie Holiday - Good Morning Heartache

Boa Angústia de Manhã
Billie Holiday

Boa angústia de manhã
Você velha visita sombria
Boa angústia de manhã
Pensei termos dito adeus na noite passada
Virei e agitei-me até que parecida ter ido.
Mas aqui você está com a alvorada
Desejo esquece-lá, mas você deve ficar aqui
Pareço que a encontrei
Quando o meu amor se foi
Agora diário pare, estou dizendo-lhe
A boa angústia de manhã é nova

Deixe de frequentar-me agora
Não posso sacudi-la de modo algum
Somente deixe-me em paz
Tenho aquela canção melancólica de Segunda-feira
Diretamente a canção melancólica de domingo
Boa angústia de manhã
Aqui vamos novamente
Boa angústia de manhã
Você é aquela
Quem me conhece bem
Poderia dar um jeito para você vadiar
Mas boa angústia de manhã
Sente-se

"Os Caras" e a bela Edith Piaf

La Vie En Rose
Edith Piaf

Des yeux qui font baiser les miens,
Un rire qui se perd sur sa bouche,
Voilà le portrait sans retouche
De l'homme auquel j'appartiens

Quand il me prend dans ses bras
Il me parle tout bas,
Je vois la vie en rose.
Il me dit des mots d'amour,
Des mots de tous les jours,
Et ça m'fait quelque chose.
Il est entré dans mon coeur
Une part de bonheur
Dont je connais la cause.
C'est lui pour moi,
Moi pour lui dans la vie,
Il me l'a dit, l'a juré
Pour la vie.
Et dès que je l'apercois
Alors je sens en moi
Mon coeur qui bat

Des nuits d'amour à plus finir
Un grand bonheur qui prend sa place
Des ennuis des chagrins s'effacent
Heureux, heureux à en mourir.



Traduction : Français » Portugais
La Vie En Rose
Edith Piaf

Olhos que quando beijo são meus,
Um rir que é perdido em sua boca,
Este é o retrato sem retoques
O homem a quem eu pertenço

Quando ele leva-me em seus braços
Ele fala para mim, sussurrando,
Eu vejo la vie en rose.
Ele me diz palavras de amor,
Palavras cotidianas
E eu sinto alguma coisa.
Ele entrou em meu coração
A felicidade
Eu sei qual a sua causa.
Ele a é para mim,
E a minha é para ele na vida
Ele disse-me, temos viagens
Para toda a vida.
E como eu acreditei
Então, eu sinto-me com
Meu coração batendo.

Algumas noites de amor para finalizar tudo
Uma grande felicidade que toma seu lugar
Os problemas de dores não são nada
Feliz, feliz por morrer.

"Os Caras" e minha doce Amália

Estranha Forma de Vida
Amália Rodrigues
Composição: Alfredo Duarte/Amália Rodrigues

Foi por vontade de Deus
Que eu vivo nesta ansiedade.
Que todos os ais são meus,
Que é toda minha a saudade.
Foi por vontade de Deus.

Que estranha forma de vida
Tem este meu coração:
Vive de forma perdida;
Quem lhe daria o condão?
Que estranha forma de vida.

Coração independente,
Coração que não comando:
Vive perdido entre a gente,
Teimosamente sangrando,
Coração independente.

Eu não te acompanho mais:
Pára, deixa de bater.
Se não sabes onde vais,
Porque teimas em correr,
Eu não te acompanho mais.


"Os Caras" e Corsário

Corsário
Elis Regina
Composição: João Bosco / Aldir Blanc

Meu coração tropical está coberto de neve,
mas ferve em seu cofre gelado,
a voz vibra e a mão escreve mar
bendita lâmina grave que fere a parede e traz
as febres loucas e breves que mancham o silêncio e o cais.

Roseirais, nova Granada de Espanha,
por você eu, teu corsário preso,
vou partir a geleira azul da solidão e buscar a mão do mar
me arrastar até o mar, procurar o mar.

Mesmo que eu mande em garrafas mensagens por todo o mar
meu coração tropical partirá esse gelo e irá
como as garrafas de náufrago e as rosas partindo o ar
nova Granada de Espanha e as rosas partindo o ar.

Vou partir a geleira azul da solidão e buscar a mão do mar
me arrastar até o mar, procurar o mar.

Mesmo que eu mande em garrafas mensagens por todo o mar
meu coração tropical partirá esse gelo e irá
como as garrafas de náufrago e as rosas partindo o ar
nova Granada de Espanha e as rosas partindo o ar.

Mesmo que eu mande em garrafas mensagens por todo o mar
meu coração tropical partirá esse gelo e irá.


quarta-feira, 18 de junho de 2008

"Os Caras" e Fernando Pessoa III


Tabacaria

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
à parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.

Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.

Falhei em tudo.
Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
A aprendizagem que me deram,
Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei-de pensar?

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Génio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho genios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicómios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora génios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistámos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordámos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.

(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)

Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei
A caligrafia rápida destes versos,
Pórtico partido para o Impossível.
Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas,
Nobre ao menos no gesto largo com que atiro
A roupa suja que sou, em rol, para o decurso das coisas,
E fico em casa sem camisa.

(Tu que consolas, que não existes e por isso consolas,
Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva,
Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta,
Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida,
Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua,
Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais,
Ou não sei que moderno - não concebo bem o quê -
Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire!
Meu coração é um balde despejado.
Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco
A mim mesmo e não encontro nada.
Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta.
Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam,
Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam,
Vejo os cães que também existem,
E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo,
E tudo isto é estrangeiro, como tudo.)

Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente

Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime.

Essência musical dos meus versos inúteis,
Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse,
E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte,
Calcando aos pés a consciência de estar existindo,
Como um tapete em que um bêbado tropeça
Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada.

Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta.
Olho-o com o desconforto da cabeça mal voltada
E com o desconforto da alma mal-entendendo.
Ele morrerá e eu morrerei.
Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos.
A certa altura morrerá a tabuleta também, e os versos também.
Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta,
E a língua em que foram escritos os versos.
Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu.
Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente
Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas,

Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?),
E a realidade plausível cai de repente em cima de mim.
Semiergo-me enérgico, convencido, humano,
E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário.

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.

Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

(Se eu casasse com a filha da minha lavadeira
Talvez fosse feliz.)
Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela.
O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?).
Ah, conheco-o; é o Esteves sem metafísica.
(O Dono da Tabacaria chegou à porta.)
Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.

Álvaro de Campos

"Os Caras" e Luiz Vaz de Camões


Amor é fogo que arde sem se ver

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís de Camões

"Os Caras" e minha gueixa


Pecado mortal

Poemas eróticos são maliciosos
sensuais e deliciosamente perigosos....
tal como assistir a filmes pornográficos
para acordar monstro hibernando...

Fico a pensar o que busco em ti
enquanto rabisco desejos,
anunciando anseios
ao invés de lascar-te um beijo
e entregar – aos teus carinhos –
meus seios.

Sem rimas fáceis, sem situações previsíveis.
Numa intensa crise corre,
irresistível, meu frisson por ti
incontrolável fúria à tua procura
horas a fio, preenchendo meus
pensamentos...

Meu amor um momento!
Isso é loucura?
Paixão?
Paranóia?
Que situação!
Que confusão de sentimentos...

Quando tiveres a resposta
tu encontraras a mim, completamente
pronta,
tonta de desejo por teu beijo,
por tua pele escura, tintura de meu ventre
que sente
que apenas a ti pertence...

Minha pele está entranhada pelo teu cheiro
caudalosamente banhada por tua língua
que sucumbe a cada investida,
revestida por teu suor
que impregna minha alma...

Não sou uma mulher,
sou parcelas que se juntam
e agregam-se num furacão
que entra em ebulição,
quando tocas cada uma delas:
vagina, orelhas, boca, ancas, pernas, pés e
mãos...

Neste instante,
essas partículas minúsculas,
tornam-se uníssonas.
Transformam-se num conjunto
em busca de delícias
da mais pura e gostosa malícia.

Tu és pastor de um rebanho desgarrado
e só tu tens o poder de torná-lo gregário.
Só tu tens a chave desse universo paralelo
Só tu podes desvendar esse mistério...

De corpo furacão, de mulher ebulição,
de um ser fragmentado em inúmeras personas:
Uma Eva expulsa do paraíso
A agregada mais bonita da Senzala
Uma cortesã em homenagem a cidadão ateniense
Um anjo lascivo, um demônio bandido
Uma princesa enclausurada em torreão
Uma Galla sem Dali

A cometer crimes, a purgar sacrilégios
a pregar teu credo
A sofrer em segredo, este mais cruel degredo
que é estar longe de ti...

Autoria: Gueixa

terça-feira, 17 de junho de 2008

"Os Caras" e o Trem da História


TRECHO DE "CANÇÃO DO NOVO MUNDO" (Beto Guedes)

"...Quem perdeu o trem da história por querer
Saiu do juízo sem saber
Foi mais um covarde a se esconder
Diante de um novo mundo..."

sexta-feira, 13 de junho de 2008

"Os Caras" e Beto Guedes - Quando Te Vi

Quando te Vi
Composição: Godofredo Guedes

Nem o sol
Nem o mar
Nem o brilho
Das estrelas
Tudo isso
Não tem valor
Sem ter você...

Sem você
Nem o som
Da mais linda
Melodia
Nem os versos
Dessa canção
Irão valer...

Nem o perfume
De todas as rosas
É igual
À doce presença
Do seu amor...

O amor estava aqui
Mas eu nunca saberia
Do que um dia se revelou
Quando te vi...

Nem o perfume
De todas as rosas
É igual
À doce presença
Do seu amor...

O amor estava aqui
Mas eu nunca saberia
Do que um dia se revelou
Quando te vi...


"Os Caras" e Belchior - À Palo Seco

À Palo Seco
Composição: Belchior

Se você vier me perguntar por onde andei
No tempo em que você sonhava.
De olhos abertos, lhe direi:
- Amigo, eu me desesperava.
Sei que, assim falando, pensas
Que esse desespero é moda em 76.
Mas ando mesmo descontente.
Desesperadamente eu grito em português:

- Tenho vinte e cinco anos de sonho e
De sangue e de América do Sul.
Por força deste destino,
Um tango argentino
Me vai bem melhor que um blues.
Sei, que assim falando, pensas
Que esse desespero é moda em 76.
E eu quero é que esse canto torto,
Feito faca, corte a carne de vocês.


"Os Caras" e minha amada.


Ela me aparece em momentos difíceis,
nos quais minhas forças já se esvairam
e nada mais resta
a não ser entregar estandartes
e retirar-me com os sobreviventes.

Ela me aparece em momentos críticos
em que continuar lutando é pura tolice
e nada mais resta
que assinar os armistícios
e voltar com o rabo entre as pernas.

Ela me aparece nas horas desesperadoras
nas tais em que todos os corpos estão exangues
e nada mais resta
somente deixar os despojos
e tornar aos limites de minha aldeia.

Dessa vez ela me aparece.
Linda e exuberante como sempre.
Trouxe a fé inabalável,
e me disse ao pé do ouvido
que eu tinha uma arma secreta:
O SEU AMOR.

Então vamos lutar!

"Os Caras" a Dorô e o Zé daqui 30 anos


Eu tenho muito há ver com essa união.
Tem até a história de um tênis da marca rainha.
Minha irmã e meu cunhado o "Alvarenga".
Essa é uma perspectiva da união no ano de 2038.
Parece que foi ontem.
Felicidades!

quinta-feira, 12 de junho de 2008

"Os Caras" e o Dia Internacional de Combate ao Trabalho Infantil


Trabalho infantil gera lucro pra quem explora, pobreza pra quem é explorado, faz parte da cultura econômica brasileira e está diretamente ligado ao trabalho escravo. A quem incomoda a luta contra o trabalho infantil? Incomoda aos que se incomodam com a luta contra o trabalho escravo. Incomoda aos que se incomodam com a luta contra o trabalho degradante. O combate ao trabalho infantil incomoda a quem lucra com o trabalho infantil, a quem lucra com o trabalho escravo e a quem lucra com o trabalho degradante.

A quem incomoda a dignidade humana; a quem incomoda a beleza, a resistência, a sensualidade, a honestidade, a capacidade de organização do pobre; a quem incomoda a imagem bonita dos menos favorecidos? A quem incomoda a denúncia das injustiças da pobreza? Incomoda aos ricos e incomoda a uma parcela da classe média.

"Os Caras" e o Prozac


Voltei! Voltei! Voltei!
O filho pródigo à casa torna!
Sem traumas, sem peso na consciência, sem medos.
A fluoxetina volta a correr em meus neurônios.
Sinapses mais rápidas.
Horizontes mais azuis.
Pássaros cantando.
Que se dane a fome, a flôr, o fim do mundo.
Dor de cotovelo somente se bater na quina da mesa.
Que os progressos da ciência sejam em prol de mim.
Primeiro eu, depois o samba.
Eu me amo,
Não posso mais viver sem mim.
Era ela ou o suicídio.
Então que seja ela.
Bem vinda "Droga da Felicidade"
A casa é toda tua.

E não me venham dizer que é artificial.
Tantas coisas o são:
Coca-cola, tinta prá cabelo, nylon,
cocaina, crack, absinto, vodka,
melhoral, a maioria das mulheres,
conversa pela web,
alguns amigos,
sorrisos,
corantes,
acidulantes,
edulcorantes,
conservantes,
até mesmo meu estado de antes.

Então fico com o Prozac que resolve
pois me mantêm vivo.

Viva o Prozac!!!!!!!!!!!!!!

"Os Caras" e Mercedes Sosa - Alfonsina y el mar

Uma entrada no tunel do tempo. 1980. Rua Santa Inácia, número 7.

"Os Caras" e Suzeti Aparecida Rosso


Te Recuerdo Amanda

Te recuerdo Amanda,
la calle mojada,
corriendo a la fabrica
donde trabajava Manuel.
La sonrisa ancha,
la lluvia en el pelo,
no imporataba nada,
ibas a encontrarte
con el, con el, con el, con el, con el
son cinco minutos,
la vida es eterna en cinco minutos.
Suena la sirena, devuelta al trabajo
y tu, caminando lo iluminas todo,
los cinco minutos te hacen florecer.
Te recuerdo Amanda,
la calle mojada
corriendo a la fabrica
donde trabajava Manuel.
La sonrisa ancha,
la lluvia en el pelo,
no imporataba nada,
ibas a encontrarte
con el, con el, con el, con el, con el
que partio al sierra,
que nunca hizo dano,
que partio a la sierra
y en cinco minutos
quedo destrozado
Suena la sirena,
de vuelta al trabajo,
muchos no volvieron,
tampoco Manuel.
Te recuerdo Amanda,
la calle mojada,
corriendo a la fabrica
donde trabajava Manuel.

"Os Caras" e você


Ainda não consegui escrever nada sobre ou para você. Uma amiga me disse que era algo mal resolvido. Duvido. Apenas não tive tempo para você. Ou não quiz gastar meu tempo com alguém que hoje, nada me acrescenta ou subtrai. Se sinto alguma coisa é indiferença. E essa é o verdadeiro oposto do amor. Não tens mais o por-de-sol que sempre me acompanhou.
Sinceramente!
Tuas tardes não me atraem.
Devem ser desprovidas de luz.