quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

"Os Caras" e Ezra Pound


E ASSIM EM NÍNIVE

"Sim! Sou um poeta e sobre minha tumba
Donzelas hão de espalhar pétalas de rosas
E os homens, mirto, antes que a noite
Degole o dia com a espada escura.

Veja! não cabe a mim
Nem a ti objetar,
Pois o costume é antigo
E aqui em Nínive já observei
Mais de um cantor passar e ir habitar
O horto sombrio onde ninguém perturba
Seu sono ou canto.
E mais de um cantou suas canções
Com mais arte e mais alma do que eu;
E mais de um agora sobrepassa
Com seu laurel de flores
Minha beleza combalida pelas ondas,
Mas eu sou poeta e sobre minha tumba
Todos os homens hão de espalhar pétalas de rosas
Antes que a noite mate a luz
Com sua espada azul.

Não é, Ruaana, que eu soe mais alto
Ou mais doce que os outros. É que eu
Sou um Poeta, e bebo vida
Como os homens menores bebem vinho."

(tradução de Augusto de Campos)

"Os Caras" e suas idéias.



Caminhava pela rua acima da minha rua quando aquela brisa fria e arrepiante veio até meus ouvidos e o surdo som de outra presença se fez ao meu lado. Nada havia. Nada ouvia. Mas sabia que alguém me acompanhava. Alguém queria falar comigo. Muito estranho. Como se uma ponte fosse construida entre meu cérebro e outro as idéias foram invadindo meus neurônios. Coisas novas, coisas estranhas. E assim como veio se foi. Fiquei alí na fria garoa da noite com um monte de pensamentos que não eram meus e sem saber o que fazer com eles.
Ainda estão aqui.