quinta-feira, 29 de maio de 2008
"Os Caras" e a Insônia
São nessas noites
essas mesmas que acontecem todos os dias
em que meu pensamento não se acomoda
em que incomodado me desperto
em que desperto me desespero
em que desesperado não durmo
São nessas noites que atinjo
o significado de minha insònia.
Um copo de leite morno com canela,
um livro de mitologia,
horas no computador,
a luz do dia a se materializar nas frestas da janela,
o corpo cansado querendo entregar-se
e a insistência do cérebro numa vigília mortal.
Meu reino por um diazepam de quinhentos miligramas!
"Os Caras" e meu fantasma
Sou fantasma de mim mesmo.
Há quanto tempo
tenho perambulado pela face da terra.
Meio Lúcifer despencado no abismo,
meio espectro de tempos pretéritos.
Habitando sempre o mesmo corpo,
que incólume atravessa os dias, anos e séculos.
Tenho presenciado tanta coisa,
e nada mais me assusta,
nem mesmo meu rosto na lâmina d'água.
Transpassar tantas noites,
e dias, e noites, e dias, e noites, e dias, e noites
na busca de algo que nem sei o que é,
ou onde está,
ou em quem está.
Agora descubro espantado
que sou fantasma de mim mesmo.
quarta-feira, 28 de maio de 2008
"Os Caras" e Nelson Rodrigues
A prostituta só enlouquece excepcionalmente. A mulher honesta, sim, é que, devorada pelos próprios escrúpulos, está sempre no limite, na implacável fronteira. (Nelson Rodrigues)
"Os Caras" e Sun Tzu
"...Você deverá ser
tão rápido quanto o vento forte, ao entrar em ação;
tão estável quanto as florestas silenciosas que o vento não pode tremer, quando se mover lentamente;
tão feroz e violento quanto as chamas furiosas,quando invadir o estado do inimigo;
tão firme quanto as montanhas altas, quando estacionar e
tão inescrutável quanto algo atrás das nuvens
tão rápido quanto o vento forte, ao entrar em ação;
tão estável quanto as florestas silenciosas que o vento não pode tremer, quando se mover lentamente;
tão feroz e violento quanto as chamas furiosas,quando invadir o estado do inimigo;
tão firme quanto as montanhas altas, quando estacionar e
tão inescrutável quanto algo atrás das nuvens
e golpear tão repentinamente quanto trovão."
domingo, 25 de maio de 2008
"Os Caras" e Paulo Leminski
AMOR BASTANTE (Paulo Leminski)
Quando eu vi você
tive uma idéia brilhante
foi como se eu olhasse
de dentro de um diamante
e meu olho ganhasse
mil faces num só instante
basta um instante
e você tem amor bastante
um bom poema
leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade,
eu e você,
caminhando junto.
"Os Caras" e Selma Reis
Se Bastasse Uma Canção
(Selma Reis)
Se bastasse cantar com ternura
Pra acalmar esses dias
Em que os homens perderam a doçura
De cantar morreria
Mais quem sou eu?
Mais quem sou eu?
Simples cigarra
Em que a voz é escrava
Da melodia
Se bastasse a canção da esperança
Pra inundar de alegria
A tristeza de nossas crianças
De cantar morreria
Mas quem sou eu?
Mais quem sou eu?
Simples cigana nas sendas profanas da poesia
Se bastasse cantar compassiva
Pra aplacar a agonia
Nessas terras de gente cativa
De cantar morreria
Mas quem sou eu?
Mas quem sou eu?
Simples agente da estrela regentedas sinfonias
Ë preciso muito, muito maisgente cantando
É preciso muito, muito mais
É quase um esforço sobre-humano
Pra conseguir mudar os planos
É preciso muito, muito mais gente cantando
É preciso muito, muito mais
Cantar a paz no mundo inteiro
É quase um esforço derradeiro
Se bastasse cantar com brandura
Pra estancar a sangria
Pro universo viver com candura
de cantar morreria
Mas quem sou eu?
Mas quem sou eu?
Simples cantante das noites dançantes
Das fantasias
É preciso muito, muito mais gentecantando
É preciso muito, muito mais
Cantar, cantar que ainda é tempo
Uma canção sem sofrimento
É preciso muito, muito mais gente cantando
Ë preciso muito, muito mais cantar com o céu,
Com os movimentos,
Cantar com a luz, com os elementos
Enquanto espero
Sigo cantando, e cantando e cantando
Eu vou vivendo
sábado, 24 de maio de 2008
"Os Caras" e Sócrates
"Meu conselho é que se case.
Se você arrumar uma boa esposa, será feliz;
se arrumar uma esposa ruim, se tornará um filósofo".
(Sócrates).
"Os Caras" e Taiguara
Universo no teu corpo
Taiguara
Taiguara
Eu desisto
Não existe essa manhã que eu perseguia
Um lugar que me dê trégua ou me sorria
Uma gente que não viva só pra si
Só encontro
Gente amarga mergulhada no passado
Procurando repartir seu mundo errado
Nessa vida sem amor que eu aprendi
Por uns velhos vão motivos
Somos cegos e cativos
No deserto do universo sem amor
E é por isso que eu preciso
De você como eu preciso
Não me deixe um só minuto sem amor
Vem comigo
Meu pedaço de universo é no teu corpo
Eu te abraço corpo imerso no teu corpo
E em teus braços se une em versos a canção
Em que eu digo
Que estou morto pra esse triste mundo antigo
Que meu porto, meu destino, meu abrigo
São teu corpo amante amigo em minhas mãos
Vem comigo
Meu pedaço de universo é no teu corpo
Eu te abraço corpo imerso no teu corpo
E em teus braços se une em versos a canção
Em que eu digo
Que estou morto pra esse triste mundo antigo
Que meu porto,
meu destino,
meu abrigo
São teu corpo amante amigo em minhas mãos
"Os Caras" e Florbela Espanca
O meu mundo (Florbela Espanca)
O meu mundo não é como o dos outros,
quero demais,
exijo demais;
há em mim uma sede de infinito,
uma angústia constante
que eu nem mesma compreendo,
pois estou longe de ser uma pessoa;
sou antes uma exaltada,
com uma alma intensa,
violenta,
atormentada,
uma alma que não se sente bem onde está,
que tem saudade…
sei lá de quê!
"Os Caras" e Villa Lobos (4º movimento Toccata das Bachianas Brasileiras nº 2)"
- Todas as vezes que ouço essa música sinto algo na beira da derme. Algo que vai pela serra, vai pelo ar.
Não defini ainda.
Mas junto com "Os Caras" estou buscando um sentido.
quinta-feira, 22 de maio de 2008
terça-feira, 20 de maio de 2008
"Os Caras" e meu bichinho
Meu bichinho de estimação sumiu ontem. Coloquei uma faixa enorme em frente de minha casa, oferecendo até uma recompensa.
Ele é dócil, meigo e gentil. Dizem que os animais tendem a ter o comportamento de seus donos. Mas quanto a isso tenho minhas reservas.
Ele atende pelo nome de Junior. Gosta que lhe façam festa. É inteligente e gosta de explorar.
Talvez tenha sido esse espírito aventureiro que o tenha levado.
Procurei no abrigo de animais, pela vizinhança e conversei com a molecada da rua.
Ninguém o viu.
Se você tiver alguma informação, por favor, poste aqui no blog.
Criança passando mal.
"Os Caras" e os aviões que caem.
Os aviões que caem na terra,
matam os seres que a abandonaram.
Em seus coovers de Icáro e Dédalo,
perdem as asas de cera.
O encontro com a massa dura é inevitável
e nesse choque os corpos líquidos se desfazem.
Os aviões que caem na terra,
devolvem os seres que a desprezaram.
Em seus surtos de Pégaso,
perdem as térmicas e a flutuabilidade.
O reencontro com a superfície é fatídico
e nesse impacto as vidas se diluem.
Os aviões que caem na terra,
retornam os fugitivos que se divorciaram.
Em seus delírios de Dummont,
queimam seus Demoiseles.
O retorno ao reino dos bipedes é certo
e nesse aproximar abrupto o pó volta ao pó.
"Os Caras" e o retorno à vida.
segunda-feira, 19 de maio de 2008
"Os Caras" e o manter.
todas as conquistas,
todos os despojos,
todas as vitórias,
de nada valem neste momento.
Esqueci me do "manter",
alias, nunca soube sustentar o peso do meu reinado.
De que me valeu a ousadia de idos?
De que me valeu as batalhas vencidas?
Agora, parado aqui,
na borda desse abismo,
me calo.
"Os Caras" e Pablo Neruda
Já não se encantarão os meus olhos nos teus olhos (Pablo Neruda)
Já não se encantarão os meus olhos nos teus olhos,
já não se adoçará junto a ti a minha dor.
Mas para onde vá levarei o teu olhar
e para onde caminhes levarás a minha dor.
Fui teu, foste minha.
O que mais?
Juntos fizemos uma curva na rota por onde o amor passou.
Fui teu, foste minha.
Tu serás daquele que te ame,
daquele que corte na tua chácara o que semeei eu.
Vou-me embora.
Estou triste: mas sempre estou triste.
Venho dos teus braços.
Não sei para onde vou....
Do teu coração me diz adeus uma criança.
E eu lhe digo adeus.
domingo, 18 de maio de 2008
"Os Caras" e uma decisão
Não vou aqui escrever em versos. Cansei-me um pouco desta forma e maneira. Serei cursivo e contínuo.
Minha companheira constante veio me visitar. Falo cá da Depressão. Desta vez não veio só, pois trouxe a Angústia e a Culpa. Pensei recorrer a psiquiátra de plantão e ao velho prozac, mas estou decidido a tentar sozinho. Sei que isso é deveras temerário, mas se não conseguir sempre tem o plantão me aguardando com um receituário breve de preenchimento.
Minha companheira constante veio me visitar. Falo cá da Depressão. Desta vez não veio só, pois trouxe a Angústia e a Culpa. Pensei recorrer a psiquiátra de plantão e ao velho prozac, mas estou decidido a tentar sozinho. Sei que isso é deveras temerário, mas se não conseguir sempre tem o plantão me aguardando com um receituário breve de preenchimento.
Pensei em recorrer também ao velho Deus e sua velha Igreja mas também seguirei sem eles. Pelo menos na forma convencional. Acharia um tanto quanto hopócrita recorrer a algo que sei não estar no eixo da questão ou no eixo da razão. Deus tem sido algo muito louco em minha vida e quanto mais o estudo mais distante fico das religiões. De que me adiantaria agora me abrigar num lugar do qual fui excluido? Creio que de quase nada!
Sei que tenho que deixar muitas coisas e buscar um mesmo tanto. Sei que tudo agora demandará trabalho, suor, dedicação e apoio e sei também que esse último terei bem pouco. Posso contar comigo mesmo e com poucas pessoas. Não que elas não queiram me ajudar, apenas ficaram cansadas.
Tenho todo um ferramental guardado e que posso quase tudo. Então mais do que nunca está na hora de caminhar.
Tenho um regato a cruzar, uma mata a atravessar e quem sabe do outro lado esteja meu Eldorado.
Levo a luz e meu cajado.
Vou nessa!
"Os Caras" e Zélia Gattai
sábado, 17 de maio de 2008
"Os Caras" e Maria Luiza Lemos de Bonis
Meu Mundo e Nada Mais
Guilherme Arantes
Quando eu fui ferido
Vi tudo mudar
Das verdades
Que eu sabia...
Só sobraram restos
Que eu não esqueci
Toda aquela paz
Que eu tinha...
Eu que tinha tudo
Hoje estou mudo
Estou mudado
À meia-noite, à meia luz
Pensando!
Daria tudo, por um modo
De esquecer...
Eu queria tanto
Estar no escuro do meu quarto
À meia-noite, à meia luz
Sonhando!
Daria tudo, por meu mundo
E nada mais...
Não estou bem certo
Que ainda vou sorrir
Sem um travo de amargura...
Como ser mais livre
Como ser capaz
De enxergar um novo dia...
Eu que tinha tudo
Hoje estou mudo
Estou mudado
À meia-noite, à meia luz
Pensando!
Daria tudo, por um modo
De esquecer...
Eu queria tanto
Estar no escuro do meu quarto
À meia-noite, à meia luz
Sonhando!
Daria tudo, por meu mundo
E nada mais...
sexta-feira, 16 de maio de 2008
"Os Caras" e os Borges
Um Girassol da Cor de Seu Cabelo
Márcio Borges e Lô Borges
Vento solar, estrelas do mar
A terra azul da cor do seu vestido
Vento solar, estrelas do mar
Você ainda quer morar comigo
Se eu cantar não chore não
É só poesia
Eu só preciso ter você
Por mais um dia
Ainda gosto de dançar
Bom dia
Como vai você?
Sol, girassol, vejo o vento solar
Você ainda quer morar comigo
Vento solar estrelas do mar
Um girassol da cor de seu cabelo
Se eu morrer não chore não
É só a lua
É seu vestido cor de maravilha nua
Ainda moro nesta mesma rua
Como vai você?
Você vem?
Ou será que ainda é tarde demais?
Se eu cantar não chore não
É só poesia
Eu só preciso ter você
Por mais um dia
Ainda gosto de dançar
Bom dia
Como vai você?
Você vem?
Será que é tarde demais?
quinta-feira, 15 de maio de 2008
"Os Caras" e Luciene Candida Santos
Longe Aqui
Composição: Jay Vaquer
Os pais de sua namorada exigiram o fim daquela relação
que já durava cinco meses de muito carinho e reprovação
Sempre que se chateava cortava os braços com gilete pra chamar à atenção
Tinha carência afetiva, achava que seus pais gostavam mais do irmão . . .
Um dia olhou pela janela, imaginou como seria o seu vôo até o chão
Mas quando pensou na sujeira que ela causaria..desistiu, foi ver televisão
Tinha que engravidar, criar, envelhercer, morrer... como todos esperavam
Tinha que renunciar, agradar, obedecer, vencer... como todos desejavam
Até que ela partiu
Ela partiu pra bem longe
Pra distante o bastante pra suportar
Ela partiu
Ela partiu pra bem longe
Tão distante parada no mesmo lugar
Ela partiu...Ela partiu ao meio
Ensaiou o que diria se um dia fosse "artista
homenageada no Faustão
"Enxugaria as lágrimas, abraçaria amigos
e a mãe teria o seu perdão"
Voltando a realidade,
ela encontrava um quadro que não tinha muita solução
Se achava velha, muito nova, gorda ou muito feia
Sempre inadeqüada pra situação...
Tinha que engravidar, criar, envelhercer, morrer...
como todos esperavam
Tinha que renunciar, agradar, obedecer, vencer...
como todos desejavam
Até que ela partiu
Ela partiu pra bem longe
Pra distante o bastante pra suportar
Ela partiu
Ela partiu pra bem longe
Tão distante parada no mesmo lugar
Ela partiu ....
Ela partiu ao meio
"Os Caras" e Sonia Flores Carvalho
Lembra De Mim
Composição: Vitor Martins / Ivan Lins
Lembra de mim!
Dos beijos que escrevi
Nos muros a giz
Os mais bonitos
Continuam por lá
Documentando
Que alguém foi feliz...
Lembra de mim!
Nós dois nas ruas
Provocando os casais
Amando mais
Do que o amor é capaz
Perto daqui
Há tempos atrás...
Lembra de mim!
A gente sempre
Se casava ao luar
Depois jogava
Os nossos corpos no mar
Tão naufragados
E exaustos de amar...
Lembra de mim!
Se existe um pouco
De prazer em sofrer
Querer te ver
Talvez eu fosse capaz
Perto daqui
Ou tarde demais...
Lembra de mim!...
"Os Caras" e João Bosco e Aldir Blanc
O Cavaleiro e os Moinhos
Composição: João Bosco & Aldir Blanc
Acreditar
Ná existência dourada do sol
mesmo que em plena boca
nos bata o açoite contínuo da noite.
Arrebentar
a corrente que envolve o amanhã,
despertar as espadas,
varrer as esfinges das encruzilhadas.
Todo esse tempo
foi igual a dormir num navio:
sem fazer movimento,
mas tecendo o fio da água e do vento.
Eu, baderneiro,
me tornei cavaleiro,
malandramente,
pelos caminhos.
Meu companheiro
tá armado até os dentes:
já não há mais moinhos
como os de antigamente.
Composição: João Bosco & Aldir Blanc
Acreditar
Ná existência dourada do sol
mesmo que em plena boca
nos bata o açoite contínuo da noite.
Arrebentar
a corrente que envolve o amanhã,
despertar as espadas,
varrer as esfinges das encruzilhadas.
Todo esse tempo
foi igual a dormir num navio:
sem fazer movimento,
mas tecendo o fio da água e do vento.
Eu, baderneiro,
me tornei cavaleiro,
malandramente,
pelos caminhos.
Meu companheiro
tá armado até os dentes:
já não há mais moinhos
como os de antigamente.
"Os Caras" e Raimundo Fagner
Eu Canto
Composição: Fagner & Cecília Meirelles
Eu canto
Porque o instante existe
E a minha vida está completa
Não sou alegre nem sou triste
Sou poeta
Irmão das coisas fugidias
Não sinto gozo nem tormento
Atravesso noites e dias
No vento
Se desmorono ou se edifico
Se permaneço ou me desfaço
Não sei se fico
Ou passo
Eu sei que canto e a canção é tudo
Tem sangue eterno a asa ritimada
E um dia eu sei que estarei mudo
Mais nada
"Os Caras" e Milton Nascimento
Travessia
Milton Nascimento / Fernando Brant
Quando você foi embora fez-se noite em meu viver
Forte eu sou mas não tem jeito, hoje eu tenho que chorar
Minha casa não é minha, e nem é meu este lugar
Estou só e não resisto, muito tenho prá falar
Solto a voz nas estradas, já não quero parar
Meu caminho é de pedras, como posso sonhar
Sonho feito de brisa, vento vem terminar
Vou fechar o meu pranto, vou querer me matar
Vou seguindo pela vida me esquecendo de você
Eu não quero mais a morte, tenho muito que viver
Vou querer amar de novo e se não der não vou sofrer
Já não sonho, hoje faço com meu braço o meu viver
Solto a voz nas estradas, já não quero parar
Meu caminho é de pedras, como posso sonhar
Sonho feito de brisa, vento vem terminar
Vou fechar o meu pranto, vou querer me matar
"Os Caras" e Beto Guedes
quarta-feira, 14 de maio de 2008
"Os Caras" e Belchior
Caso Comum de Trânsito
Belchior
Faz tempo que ninguém canta uma canção falando fácil...
claro-fácil, claramente...
das coisas que acontecem todo dia, em nosso tempo e lugar.
Você fica perdendo o sono,
pretendendo ser o dono das palavras,
ser a voz do que é novo;
e a vida, sempre nova, acontecendo de surpresa,
caindo como pedra o povo.
À tarde, quando eu volto do trabalho,
mestre Joaquim pergunta assim pra mim:
- Como vão as coisas ?
Como vão as coisas ?
Como vão as coisas, menino ?
E eu respondo assim:
- Minha namorada voltou para o norte,
ficou quase louca e arranjou um emprego muito bom.
Meu melhor amigo foi atropelado, voltando para casa...
Caso comum de trânsito,
caso comum de trânsito,
caso comum de trânsito.
Pela geografia, aprendi que há, no mundo,
um lugar, onde um jovem como eu pode amar e ser feliz.
Procurei passagem: avião, navio...
Não havia linha praquele país.
- E aquele poeta, moreno e latino,
que, em versos de sangue, a vida e o amor escreveu...
Onde é que ele anda?
- Ninguém sabe dele...
- Fez uma viagem ?
- Não, desapareceu.
Deita ao meu lado.
Dá-me o teu beijo.
Toda a noite o meu corpo será teu.
Eles vêm buscar-me na manhã aberta:
a prova mais certa que não amanheceu.
Não amanheceu, menina.
Não amanheceu, ainda
"Os Caras" e Caetano Veloso
Terra
Caetano Veloso
Quando eu me encontrava preso
Na cela de uma cadeia
Foi que vi pela primeira vez
As tais fotografias
Em que apareces inteira
Porém lá não estavas nua
E sim coberta de nuvens...
Terra! Terra!
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?...
Ninguém supõe a morena
Dentro da estrela azulada
Na vertigem do cinema
Mando um abraço prá ti
Pequenina como se eu fosse
O saudoso poeta
E fosses a Paraíba...
Terra! Terra!
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?...
Eu estou apaixonado
Por uma menina terra
Signo de elemneto terra
Do mar se diz terra à vista
Terra para o pé firmeza
Terra para a mão carícia
Outros astros lhe são guia...
Terra! Terra!
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?...
Eu sou um leão de fogo
Sem ti me consumiria
A mim mesmo eternamente
E de nada valeria
Acontecer de eu ser gente
E gente é outra alegria
Diferente das estrelas...
Terra! Terra!
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?...
De onde nem tempo, nem espaço
Que a força mãe dê coragem
Prá gente te dar carinho
Durante toda a viagem
Que realizas do nada
Através do qual carregas
O nome da tua carne...
Terra! Terra!
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?...
Na sacada dos sobrados
Das cenas do Salvador
Há lembranças de donzelas
Do tempo do Imperador
Tudo, tudo na Bahia
Faz a gente querer bem
A Bahia tem um jeito...
Terra! Terra!
Por mais distante
O errante navegante
Quem jamais te esqueceria?
Terra!
"Os Caras" e Mario Quintana
"Os Caras" e o Náufrago
Tantos anos esperando nessa ilha.
Tantos momentos sozinho.
Tantos sonhos em vão.
Lá se vai o tempo em que vivia
Em que convivia com humanos.
Desterrado nessa praia
Perdido, iludido, vencido.
A esperar resgate.
Hoje mudei a história.
Vou desmanchar meu barco
Ou o que sobrou dele.
Numa jangada improvisada partirei.
Sem destino me lançarei ao mar.
Sei dos perigos, dos riscos, da morte.
Mas morte maior vivo aqui, agora.
Vou me lançar sem instrumentos.
Bussola, astrolábio ou sestante não tenho.
Apenas a força de meus braços.
E esses serão suficientes.
Tantos momentos sozinho.
Tantos sonhos em vão.
Lá se vai o tempo em que vivia
Em que convivia com humanos.
Desterrado nessa praia
Perdido, iludido, vencido.
A esperar resgate.
Hoje mudei a história.
Vou desmanchar meu barco
Ou o que sobrou dele.
Numa jangada improvisada partirei.
Sem destino me lançarei ao mar.
Sei dos perigos, dos riscos, da morte.
Mas morte maior vivo aqui, agora.
Vou me lançar sem instrumentos.
Bussola, astrolábio ou sestante não tenho.
Apenas a força de meus braços.
E esses serão suficientes.
"Os Caras" e as Magias
Tenho todos os símbolos.
Já tracei a estratégia.
Já preparei a poção.
Tenho todo o outono para mudar.
E como dizia Gil:
"- O velho rei Mú dança!
Então mudamos e dançamos.
O velho livro me acompanha.
O fogo fátuo ilumina.
E sei que a Bela estará me esperando na floresta.
"Os Caras", Vinicius e a Beth
A minha esposa (Vinicus de Moraes)
Às vezes, nessas noites frias e enevoadas
Onde o silêncio nasce dos ruídos monótonos e mansos
Essa estranha visão de mulher calma
Surgindo do vazio dos meus olhos parados
Vem espiar minha imobilidade.
E ela fica horas longas, horas silenciosas
Somente movendo os olhos serenos no meu rosto
Atenta, à espera do sono que virá e me levará com ele.
Nada diz, nada pensa, apenas olha – e o seu olhar é como a luz
De uma estrela velada pela bruma.
Nada diz. Olha apenas as minhas pálpebras que descem
Mas que não vencem o olhar perdido longe.
Nada pensa. Virá e agasalhará minhas mãos frias
Se sentir frias suas mãos.
Quando a porta ranger e a cabecinha de criança
Aparecer curiosa e a voz clara chamá-la num reclamo
Ela apontará para mim pondo o dedo nos lábios
Sorrindo de um sorriso misterioso
E se irá num passo leve
Após o beijo leve e roçagante...
Eu só verei a porta que se vai fechando brandamente...
Ela terá ido, a esposa amiga, a esposa que eu nunca terei.
(Postado para que a Beth visite meu blog sem resalvas e sem reservas)
"Os Caras" e uma bela poesia
É prá você
de Susana Mendes
É Pra você que chego...
com amor em forma de anjo
demônio em vestes de candura
a outra,
a mulher...
que amas e tanto queres
É pra você,
que faço melosa
Saudosa na espera,
ardente na entrega,
amante...
Mas tua!
Pra você,
Sou..
Urgências de encontros
onde esparramas teus versos
e deleitas -te
entre suores febris
e longos arrepios
neste corpo que é tão teu
Mesmo tendo
os nossos destinos de amantes
Espalhados a dois cantos do mundo,
Procuras -me...
numa cadência
que é própria do meu ser
É pra você que sou,
Mulher
plena de encantos
que se enrosca em tuas rimas,
e entre sorrisos nos lábios,
respirações ofegantes,
se entrega numa alucinada
demência de um amor delirante
Enfim...É pra você,
que sou inteira de amor
a paixão das tuas noites,
Lembranças nos teus dias,
tua...
Mas só pra você
(também postado para que a Beth me visite sempre que quizer)
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