Casamento entre o céu e a terra. Salamandra, Rio de Janeiro, 2001.pg09
terça-feira, 29 de abril de 2008
"Os Caras" e Leonardo Boff
Casamento entre o céu e a terra. Salamandra, Rio de Janeiro, 2001.pg09
domingo, 27 de abril de 2008
"Os Caras" e a Flavia Alessandra
sexta-feira, 25 de abril de 2008
"Os Caras" e o sonho
quinta-feira, 24 de abril de 2008
"Os Caras" e as fábulas
"Os Caras" e a Mudança
quarta-feira, 23 de abril de 2008
"Os Caras" e o Terremoto
"Os Caras" e a Tempestade
terça-feira, 22 de abril de 2008
"Os Caras" e Stairway to Heaven
Led Zeppelin
Composição: Led Zeppelin
"Os Caras" e Stairway to Heaven
sábado, 19 de abril de 2008
"Os Caras" e a Loucura do Poeta
escrito em 31/05/2002
Não se vai aqui questionar em que nível chegou a loucura do poeta.
Enlouqueceu simplesmente.
Sem estágios intermediários,
sem meio-termo, sem ameaças, sem faz de conta.
Pirou. Pinel. Charcot.
Virou as costas e saiu andando.
Deu de ombros.
Desdenhou nossa razão e se foi.
Partiu.
Sem eira foi ali pela beira.
Marginal se ausentou da realidade.
Talvez dissesse que ia atrás de Zaratustra,
em busca do mito da caverna,
participar da guerra do fogo,
no encalço do santo graal,
percorrer a estrada de tijolos amarelos,
encontrar o caminho do Eldorado. Definitivamente não vamos aqui tergiversar
nem usar de subterfúgios para melhorar a fama do poeta,
nem vamos preservar sua imagem,
livrar-lhe a cara,
tirar-lhe o... da reta,
salvar-lhe a pele,
aninhá-lo nos braços e niná-lo.
Não, não vamos não. O poeta enlouqueceu e pronto! Dispensa-se o eletro choque,
o sossega leão,
a camisa-de-força,
o cloridrato de fluoxetina,
o ficar de bem dando o dedinho. Dispensam-se as mensagens de condolências,
as coroas de flores,
os epitáfios,
as tele-mensagens,
os telegramas cantados,
as olas da torcida,
as volta olímpicas,
os jogos de despedidas. O poeta enlouqueceu e é só! Não deixou testamento,
bens a inventariar,
penduras no boteco,
livros no prelo,
cartas para serem abertas depois. Não legou herança, esperança, crianças
nem lembranças... O poeta ficou de saco cheio e irmanou-se com a insanidade
e na sua idade
isto foi fundamental.
Tirou o cavalinho da chuva,
o burro da sombra,
desencostou do barranco,
deu bom dia pra poste. Que não venham com nome de rua,
praça ou avenida,
não precisa,
nem enredo de escola de samba,
não componham hino, nem acústico, nada... O poeta enlouqueceu...
terça-feira, 15 de abril de 2008
"Os Caras" e o Adeus!
ADEUS!
Já gastamos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nos bolsos
e não encontro nada.
Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro!
Era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias:
os teus olhos são peixes verdes!
E eu acreditava!
Acreditava,porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos,
no tempo em que o teu corpo era um aquário,
no tempo em que os teus olhos
eram peixes verdes.
Hoje são apenas os teus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.
Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor...
já não se passa absolutamente nada.
E, no entanto,
antes das palavras gastas,
tenho a certezade que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.
Não temos nada que dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inútil como um trapo.
E já te disse:
as palavras estão gastas.
Adeus.
Poema de Eugénio de Andrade, brilhantemente, interpretado por um elemento da Tum'Acanénica do Instituto Politécnico de Leiria, mais propriamente da Escola Superior de Educação.